14 Mar, 2024

3ª Conferência Nacional de Canábis Medicinal. “Estamos perante uma nova era de medicamentos”

A terceira edição da Conferência Nacional de Canábis Medicinal vai realizar-se no dia 23 de março na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Destinado à comunidade de profissionais de saúde, e tendo em conta que recentemente o Infarmed aprovou três medicamentos à base de canábis medicinal, este evento pretende ajudar a difundir conhecimento relativo a esta área.

O que é que gostaria de destacar deste terceiro evento?

Em primeiro lugar, o público-alvo desta conferência são médicos, farmacêuticos e enfermeiros, bem como estudantes e internos das três áreas. Sendo esta a terceira vez que realizamos esta iniciativa podemos perceber que temos cada vez mais participantes. Estamos perante uma classe de profissionais de saúde que está interessada em ter mais uma arma terapêutica para dar aos seus doentes. A canábis medicinal foge um pouco ao que é convencional e exige mais que nunca formação.

Relativamente ao nosso programa, temos oradores nacionais que nunca estiveram na nossa conferência e também alguns internacionais, com destaque para o Professor David Meiri, um investigador israelita muito conceituado na área da canábis, com principal área de interesse na doença oncológica. Temos ainda a Doutora Bonni Goldstein, da Flórida, que nos vai acompanhar via Zoom, sendo que quem estiver na conferência também poderá colocar questões em direto. Esta especialista tem muita experiência com crianças, nomeadamente no que diz respeito à prescrição e administração de produtos com canábis.

De salientar que o Infarmed irá estar presente, bem como as empresas que vão colocar novos produtos no mercado e que já foram aprovados (Infomed). Desde 2021 que contávamos com apenas um medicamento, mas já foram aprovados mais três, que vão estar brevemente disponíveis para prescrição.

“Quem estiver na conferência vai receber esta informação em primeira mão, de modo a aplicá-la no seu local de trabalho e ajudar os doentes.”

Como é que está a correr a introdução deste tipo de medicação para fins terapêuticos em Portugal?

Apesar de o medicamento que tínhamos até agora ter todas as indicações regulamentadas pela lei, à exceção de epilepsia, tinha uma via de administração que não era a mais indicada para determinados doentes: por inalação. Por exemplo, se estivermos perante alguém que necessite de Cuidados Paliativos, não é viável. Precisávamos de outras vias de administração e de diferentes concentrações.

Estamos perante uma nova era de medicamentos que poderão chegar a muitos mais doentes. Era isto que tanto ansiávamos e acredito que, de futuro, o processo será todo muito mais célere do que tem sido com a aprovação por parte do Infarmed.

“Sendo esta a entidade reguladora do medicamento, existem requisitos de qualidade e segurança muito apertados e é nisso que os nossos médicos confiam.”

Relativamente aos profissionais de saúde, é preciso mais formação nesta área?

Sim, independentemente do seu percurso. Sendo esta uma terapêutica muito recente, não é algo que seja lecionado nas universidades e muito menos de maneira aprofundada. Os princípios ativos, a posologia, as patologias, tudo o que está inerente à prescrição, deve ser do conhecimento dos clínicos, dos farmacêuticos que dispensam a medicação e dos enfermeiros que, em contexto hospitalar, vão poder administrar estes medicamentos. A formação é, de facto, muito importante.

 

MJG/CG

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