25 Fev, 2019

Tratamento com células CAR-T chega a Portugal

IPO do Porto já criou as condições para iniciar o tratamento, que custa 400 mil euros e é usado para tratar tumores hematológicos.

A terapia com células CAR-T, o maior avanço dos últimos anos no tratamento do cancro hematológico, deve chegar a Portugal dentro de poucas semanas. O Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto já foi reconhecido pela farmacêutica Gilead como centro de qualidade para administrar o tratamento, faltando só a autorização da Direção Geral de Saúde, segundo avança o Jornal de Notícias.

A imunoterapia com células CAR-T permite, nesta fase, o tratamento de tumores hematológicos, como leucemias ou linfomas. Contudo, espera-se que a terapia possa ser alargada a outros tipos de tumores. Este tratamento personalizado implica a recolha e manipulação genética das células do doente para que estas, quando reintroduzidas no paciente, possam eliminar as células cancerígenas.

Com uma taxa de sucesso impressionante (com taxas de remissão de 60%), esta terapia já foi adotada em alguns hospitais europeus. No entanto, o custo ainda é elevado: 400 mil euros por tratamento. Os primeiros doentes a serem submetidos a esta terapia no IPO do Porto deverão começar a ser selecionados em março. O hospital já adquiriu um tanque de azoto líquido para guardar as células e já reservou um quarto para uso exclusivo dos doentes submetidos à terapia. Em Lisboa, o IPO também já demonstrou interesse em receber o tratamento.

Neste momento, existem dois tratamentos aprovados pelo Infarmed. Um deles é da farmacêutica Gilead e tem indicação para três subtipos de linfomas. O outro é da farmacêutica suíça Novartis e pode tratar um subtipo de linfoma e a leucemia linfoblástica (que afeta principalmente pessoas com menos de 25 anos).

Ainda assim, a terapia com células CAR-T é usada, neste momento, em terceira linha, quando a quimioterapia e o transplante de medula falham ou não puderem ser utilizados. A terapêutica pode, assim, ser usada em cerca de 30% dos doentes.Em entrevista ao SaúdeOnline, no mês passado, o diretor do serviço de hematologia do IPO do Porto explicava que “os doentes que, neste momento, têm indicação para esta terapêutica têm sobrevivências de seis meses ou menos”.

Sempre prudente, o Doutor Mário Mariz alertava que “ainda é preciso mais tempo para perceber se essas respostas se vão manter”. No entanto, sublinhou que os ensaios clínicos já estão a atingir os dois anos, já havendo “seguimentos de 18 meses”.

Tiago Caeiro

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais