28 Nov, 2016

Trabalhadores do Egas Moniz queixam-se de falta de condições e de higiene no serviço de alimentação

Os trabalhadores do serviço de alimentação do Hospital Egas Moniz, em Lisboa, alertaram hoje para a falta de condições e de higiene no trabalho, que podem pôr em risco a saúde do doentes e dos próprios trabalhadores

“Temos falta de condições de trabalho e falta de higienização no trabalho”, disse Adelaida Corte-Real, funcionária do Hospital Egas Moniz, durante um protesto que está a decorrer em frente ao Hospital Egas Moniz.

Adelaide Corte-Real contou que os trabalhadores têm apenas uma farda, com que preparam a comida, as saladas, os legumes e fazem o empratamento para os doentes, ao mesmo tempo que se for preciso lavam as casas de banho do refeitório.

“Só temos uma farda que levamos para casa para lavar”, disse a trabalhadora, contando que esse equipamento tem de ser lavado a 90 graus.

“Lógico que não vou fazer uma máquina só com uma farda a 90 graus em minha casa”, frisou, denunciando ainda que existe apenas uma máquina de lavar loiça, “que lava a loiça do doente, a loiça do refeitório e a loiça dos contagiosos”.

Por outro lado, acrescentou, “tudo o que seja para fazer empratamento e trabalhar na cozinha”, como facas ou pinças, “somos nós que trazemos de casa porque a firma não nos dá”.

É por estas razões que “estamos aqui a lutar para que as pessoas ouçam e saibam o risco que estão a correr e saibam também o que nós passamos”, disse Adelaide Corte-Real, rematando: “Isto é um hospital tem de ter condições”.

Para reivindicar aumentos salariais e melhores condições de trabalho, cerca de 15 trabalhadores dos serviços de alimentação do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO) estiveram concentrados em frente ao Hospital Egas Moniz.

O protesto deveu-se a facto de a empresa SUCH – Serviço de Utilização Comum dos Hospitais ter ficado com a concessão dos serviços de alimentação dos hospitais de Santa Cruz, Egas Moniz e São Francisco Xavier, que por sua vez os subcontratou à Eurest Portugal.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul, esta subconcessão pôs em causa o Acordo Empresa anteriormente negociado com o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais.

“Esta situação veio retirar direitos aos trabalhadores”, disse o dirigente sindical Luís Andrade, adiantando que os mais de 100 funcionários dos três hospitais “não podem gozar o tempo efetivo de férias”, além de não terem aumentos salariais há seis anos, os feriados não serem pagos segundo a lei, as condições de trabalho serem “muito más” e terem “cargas muito intensivas de trabalho”.

Maria das Dores Gomes, sindicalista, disse não compreender esta subconcessão da SUCH à Eurest, tendo em conta a questão monetária.

“Não há dinheiro para a saúde e como é que se faz uma subcontratação desta forma. Há aqui duas entidades nos serviços de alimentação a explorar o Estado”, sublinhou a sindicalista.

A federação já solicitou há algum tempo uma reunião ao Ministério da Saúde para abordar esta questão da subcontratação, continuando a aguardar que seja recebida.

Para o dia 09 de dezembro está marcada uma greve nacional dos trabalhadores das cantinas e dos refeitórios.

SO/LUSA

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