2 Mai, 2019

Thyroseq: o teste que permite detetar e classificar nódulos da tiroide

Conheça as vantagens e desvantagens do Thyroseq, um teste que permite detetar e classificar nódulos da tiroide.

De acordo com novas conclusões sobre o teste ThyroSeq, desenvolvido pela Universidade de Pittsburgh em conjunto com o CBLPath, este é uma mais valia no mercado, uma vez que pode ser realizado utilizando somente a citologia, sem ser necessário recorrer a um exame complementar.

As conclusões sobre a investigação da terceira versão genérica do Thyroseq foram apresentadas na Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos (AACE) no Congresso Científico e Clínico Anual, pelo pai deste teste inovador Yuri Nikiforov, professor de patologia e diretor da divisão molecular e patologia genómica, na Pólo universitário de Medicina da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, EUA.

O ThyroSeq é um teste molecular relativamente novo de alta precisão usado para ajudar a determinar quais dos 20 a 30% dos nódulos da tiroide considerados “indeterminados” pela citologia são malignos e quais os pacientes que precisam submeter-se à cirurgia para fazer a avaliação dos 112 genes responsáveis pelo cancro da tiroide. Este teste calcula a probabilidade de desenvolver cancro, atribuindo o resultado como positivo ou negativo.

Atualmente, o método mais frequente para estudar as células da tiroide quando há suspeitas de nódulos malignos ou “suspeitos” passa pela recolha de uma amostra de líquido do nódulo através da aspiração do mesmo com uma agulha fina (a chamada biópsia). As células recolhidas durante o procedimento podem ser colocadas diretamente num tubo que contém a solução (ThyroSeqPreserve) que conserva a amostra para testes moleculares, se for necessário.

No entanto, se essa amostra adicional não for coletada durante a biópsia inicial, o paciente terá que realizar uma segunda biópsia. Agora, segundo novos dados parte da amostra da citologia podem ser utilizados para realizar os testes ThyroSeq, desde que hajam células suficientes.

“O estudo apresentado demonstra que este teste pode ser realizado com as amostras da citologia, expandindo assim as amostras aceitáveis para testes, o que significa que os pacientes com resultados ambíguos da biópsia que não tenham coletado previamente amostras para testes [moleculares] podem evitar uma segunda coleta de amostras, uma vez que o exame de citologia da biópsia original pode ser enviado para a realização do teste ThyroSeq “, explicou Yuri Nikiforov ao Medscape Medical News.

Estes factos resultam numa menor necessidade dos indivíduos se deslocarem uma segunda vez ao médico, “o que lhes causa  frustrações associadas ao facto da primeira tentativa não ter sido suficiente [para que fosse feito o estudo dos genes que permitisse chegar a uma conclusão] e desconforto. Apesar do material resultante da citologia não ser especificamente colhido para o teste molecular, o desempenho deste complexo teste molecular  permanece altamente preciso neste novo tipo de amostra aceitável”.

Convidado a comentar, o moderador da sessão Matthew Levine, endocrinologista da Scripps Clinic, La Jolla, Califórnia, e da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), disse:

“Com esses resultados, a praticidade aumenta significativamente porque não é necessário preparar uma solução para a lavagem de agulha”. Ou seja, “do ponto de vista de conveniência, trata-se de um grande negócio “.

Esse facto pode representar uma vantagem sobre um outro produto concorrente, o teste Afirma, declara o especialista.

No presente estudo, a análise de ThyroSeq v3 GC foi realizada em 33 lâminas clinicamente coradas Diff-Quik ou Papanicolaou rotineiramente preparadas, com cerca de 200-1000 células por lâmina de 14 nódulos tiroidianos indeterminados.

Nas amostras das citologias, os resultados de DNA adequados e alterações no número de cópias foram obtidos em 93% das amostras (13 em 14), e os resultados de RNA adequados para fusões genéticas e a expressão desses mesmos genes em 79% (11 em 14).

“Com base nesta análise, concluímos que o teste é sensível a cerca de 5% da frequência alélica, o que quer dizer que é necessário que a amostra da citologia contenha, pelo menos, 10% das células com mutação. Os outros 90% podem ser linfócitos, contaminantes ou células normais. Mas enquanto houver 10% de células positivas para mutação, é bastante provável que o indivíduo ter um resultado preciso “, explicou o autor do teste durante a sua apresentação.

É ainda de salientar que a eficácia de 79% a 93% do ThyroSeq para originar um resultado informativo foi ligeiramente inferior aos 96% obtidos quando se utilizaram as amostras da solução preservada. Além disso, o tempo de resposta foi mais lento – cerca de 8-9 dias, comparativamente a 5-7 dias -, bem como a remoção da lamínula e o facto da preparação do slide levar um tempo extra.

Ainda assim, pode ser benéfico para o paciente na medida o paciente não terá de se submeter a outra biópsia,e, consequentemente, outra agulha no pescoço.

Mas, alerta:
“São necessário estudos adicionais para dar uma validação mais extensa da adequação das baciloscopias citológicas para o teste ThyroSeq”.
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