7 Out, 2023

Sindicato quer propostas escritas para problemas que afetam “médicos fustigados”

Na próxima semana, o Ministério da Saúde volta a reunir-se com os sindicatos dos médicos. Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), alerta para os problemas que levam à fuga do SNS e diz ser difícil acreditar em propostas não escritas.

“O sistema está disruptivo e não é possível continuar a exigir tantas horas extraordinárias aos médicos, particularmente aos do hospital, que estão fustigados com carga laboral excessiva”, afirmou Jorge Roque da Cunha.

Na V Convenção do SIM, o dirigente criticou a postura do Governo, considerando que “a sua estratégia é propaganda, notícias falsas, juras de amor ao SNS”.

Jorge Roque da Cunha realçou ainda a pouca dependência do Ministério da Saúde em relação ao Ministério das Finanças. “O ministro da Saúde é politicamente experiente, simpático, mas com muito pouco poder junto do Ministério das Finanças e do Sr. Primeiro-Ministro.”

Num momento em que os sindicatos médicos aguardam novas reuniões com Manuel Pizarro na próxima semana, como anunciou hoje o Presidente da República, Roque da Cunha lembra que é preciso haver propostas escritas. “Não basta conversa, isso tivemos durante 16 meses, não é possível acreditar apenas em palavras ocas.”

Entre os vários problemas que o SIM que ver resolvido é a dedicação plena e o respetivo aumento salarial para quem opte por esta via. “O aumento [salarial] de que se fala, destina-se apenas aos médicos que prescindem dos seus atuais direitos, [assim como] da proteção da qualidade e da segurança clínica para si e para os seus doentes.”

O dirigente do SIM alerta que os problemas atuais vão atrair menos pessoas para ficarem no SNS, além de que contribuem para que os médicos tarefeiros continuem “a ganhar muito mais”.

Jorge Roque da Cunha espera que o processo negocial se mantenha, num discurso em que lembrou, nomeadamente, a “intransigência negocial do Governo” nos últimos anos e de como a anterior ministra, Marta Temido, manteve “uma postura de falta de respeito para com os sindicatos”.

“O SIM tem-se empenhado fortemente na procura de uma solução, consciente da degradação e do subfinanciamento do sistema de saúde nas últimas décadas e nas crescentes dificuldades dos portugueses em acederem a cuidados médicos. Não propomos medidas ilegais e maximalistas, que estas, sim, seriam a destruição do SNS”, reiterou.

Na Convenção, Jorge Roque da Cunha referiu ainda que é “fundamental a realização de uma cimeira com os colegas da FNAM e a continuação de mesas negociais conjuntas perante a situação gravíssima [do SNS]”.

A V Convenção do SIM, que decorre, em Peniche, teve como tema “Defender os médicos, os doentes e o SNS. Responsabilidade Sindical. Irresponsabilidade Governamental”.

MJG

Notícia relacionada

Pizarro reúne-se para a semana com sindicatos da saúde

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais