1 Jun, 2020

SIM critica demissão de diretor de Obstetrícia do hospital Garcia de Orta

 O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) critica a demissão do diretor de Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, que a administração justifica com “atuação institucionalmente incorreta”.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do SIM, Jorge Roque da Cunha, afirmou que “nem no tempo do fascismo havia não-justificações menos explícitas”, salientando que o conselho de administração tem o poder para tomar essa decisão mas que o fez de forma “leviana” ao demitir Alcides Pereira.

Em comunicado emitido na sexta-feira, o conselho de administração do hospital de Almada afirma que “num ato de gestão interna, e na sequência de uma atuação institucionalmente incorreta da exclusiva iniciativa do Diretor do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia para com o Conselho de Administração, que o próprio tornou pública, teve que agir em conformidade, decidindo a cessação da sua comissão de serviço”.

A administração do hospital salienta que “na fase endémica atual, está a ser preciso reorganizar a retoma duma nova ‘normalidade’, num quadro de funcionamento diário muitíssimo exigente”.

 

No princípio de março, “os médicos do serviço já tinham ultrapassado as 150 horas semanais” de trabalho”

 

Roque da Cunha afirmou à Lusa que na reabertura dos serviços regulares, “o conselho de administração, sem ouvir o diretor do serviço, quis impor uma carga horária ainda maior e um espaçamento entre consultas que põe em risco pacientes e profissionais”.

No seu comunicado, a administração garante que “a saúde dos utentes e a segurança dos profissionais foi, tem sido e será a maior preocupação deste Conselho de Administração, que sempre dialogou com todos os grupos profissionais, Serviços clínicos e seus Diretores, e em momento algum actuou de forma não concertada com os mesmos, e muito menos à sua revelia”.

“O Conselho de Administração do HGO lamenta que um ato de gestão interna seja apresentado por um Sindicato sem que o mesmo tenha sequer tentado perceber a sucessão de eventos que conduziu à tomada de decisão em causa, colocando pares contra pares”, acrescenta-se no mesmo comunicado.

Roque da Cunha indicou que dezenas de profissionais do serviço subscreveram uma carta dirigida à administração e declaram “veemente apoio” à continuidade em funções de Alcides Pereira.

“No que é do nosso conhecimento, a discordância que pode ter ocorrido entre o Dr. Alcides e o CA resulta da sua permanente preocupação com as utentes e os profissionais do Serviço (e não só), que todos agradecem”, afirmam os profissionais na carta a que a Lusa teve acesso, apelando a que “a decisão seja revista”.

Roque da Cunha acusou a administração de conduzir uma “política de chicote” em vez de diálogo e pede “bom senso”, salientando que a unidade de obstetrícia e ginecologia do Garcia de Orta “é dos mais importantes da região de Lisboa”, recebendo as grávidas da região de Lisboa mas também a maior parte das emergências, gravidezes de risco ou partos prematuros de toda a região Sul.

SO/LUSA

 

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