26 Jul, 2021

SARS-CoV-2. Desenvolvimento de medicamentos antivirais ainda não é promissor

A Agência Europeia do Medicamento revela que quatro tratamentos antivirais e dois fármacos imunossupressores estão ainda em processo de avaliação contínua.

Ao contrário do que foi observado com as vacinas, o rápido desenvolvimento de medicamentos especificamente criados para tratar a covid-19 ainda não parece tão promissor. Ainda assim, a atenção da Agência Europeia do Medicamento (EMA) está centrada em seis fármacos (antivirais e anticorpos).

“A investigação de um medicamento específico seria a situação ideal, mas estamos ainda longe de o conseguir, mesmo tendo em conta os enormes recursos que estão a ser utilizados, dado estarmos perante uma pandemia com grande impacto económico e social em todos os países”, comentou, junto da agência Lusa, o especialista em indústria farmacêutica, José Aranda da Silva.

Até ao momento, a EMA apenas aprovou o antiviral remdesivir para o tratamento da covid-19 em adultos e adolescentes a partir de 12 anos e com pneumonia, que requerem oxigénio suplementar. No entanto, a agência “está, atualmente, a avaliar os dados sobre quatro tratamentos covid-19”.

Segundo revelam, estes últimos estão em análise contínua pelos especialistas da organização europeia, enquanto outros dois medicamentos imunossupressores já se encontram numa fase mais avançada de avaliação com o propósito da sua comercialização ser autorizada nos países da União Europeia.

Além destes processos de revisão contínua, os quais são uma ferramenta regulatória que permitem acelerar a avaliação de um novo medicamento em situações de emergência de saúde pública, o regulador europeu também disponibiliza aconselhamentos às empresas e laboratórios farmacêuticos sobre as mais recentes orientações regulamentares e científicas.

De acordo com José Aranda da Silva, no desenvolvimento deste tipo de medicamentos, “é preciso ter em conta que os vírus são diferentes”, sendo essencial compreender que a comunidade científica ainda está a conhecer a forma como o SARS-CoV-2 se comporta no organismo. Neste sentido, segundo acrescenta, até os próprios ensaios clínicos que procuram analisar a utilização de diversos fármacos já conhecidos para o tratamento da covid-19 “não têm sido muito promissores”.

Perante este possível impasse, o especialista em regulamentação farmacêutica afirma que, até ao final do presente ano, a questão fundamental passa por reforçar a cobertura vacinal em todos os países, aumentando a produção de vacinas, uma vez que “tudo aponta que a imunização provocada não é muito duradoura e a efetividade global, como acontece noutras vacinas, poderá ser inferior a 80%”.

SO/LUSA

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