Rt já subiu para 0,92. Aumento é “natural” mas tem riscos, alerta epidemiologista
No último dia de análise (17 de março), índice de transmissibilidade já estava muito perto do limite de 1 fixado pelo governo, revela o epidemiologista do INSA.
O índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 “tem vindo a aumentar” e já atingiu 0,92, adiantou hoje o investigador Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), sem deixar de considerar a subida como “natural”.
Com base na média de cinco dias entre 13 e 17 de março, o Rt situa-se em 0,89, mas o epidemiologista, que integra o grupo de peritos que presta apoio ao Governo na tomada de decisões no âmbito da pandemia de covid-19, explicou que no último dia de análise este indicador já tinha atingido os 0,92, muito perto do limite de 1 fixado pelo governo nas métricas de análise da evolução do plano de desconfinamento.
“É natural que haja o abrandar da velocidade de decréscimo, embora também tenha os seus riscos”, sublinhou Baltazar Nunes, sem deixar de notar que a incidência cumulativa de casos por 100 mil habitantes a 14 dias está abaixo do limiar de 120.
“Apesar de o Rt estar a aproximar-se de 1 é importante que a incidência esteja a baixar. Gostaríamos de reforçar a necessidade de analisar estes indicadores em conjunto”, disse Baltazar Nunes numa apresentação na reunião de peritos e decisores políticos sobre a situação epidemiológica em Portugal que decorre na sede da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed).
De acordo com os números apresentados, todas as regiões do território nacional estão com um índice de transmissibilidade abaixo de 1, com exceção para a região autónoma dos Açores, não sendo ainda possível estimar o valor para a Madeira.
Contudo, o investigador do INSA vincou que os dados hoje apresentados “ainda não refletem o efeito das medidas implementadas com a abertura do primeiro ciclo e das creches”.
Quanto à evolução por grupos etários, “o grupo etário com maior incidência está entre os 20 e os 30 anos”, segundo Baltazar Nunes, que realçou também “uma redução bastante acentuada” da incidência cumulativa nas pessoas com mais de 80 anos.
Apesar desta evolução, o epidemiologista do INSA reconheceu a existência de uma “estabilização” da incidência cumulativa a 14 dias de casos por 100 mil habitantes e sublinhou que “já não se prevê que a incidência chegue aos 60 casos por cem mil habitantes”, como estava anteriormente previsto para o final deste mês.
Finalmente, na análise dos índices de mobilidade, Portugal deixou de ser o país europeu com maior redução de mobilidade, um registo que detinha no início do mês. Baltazar Nunes estimou que o índice de confinamento está agora em 55%. “Já estivemos com um máximo de 78% e na última reunião estávamos em 66%. Estamos no caminho de aumento da mobilidade de forma não abrupta e linear”, resumiu.
LUSA
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