Rastreio nacional aos cancros de pele detetou 101 casos em 2017
Foram detetados 19 casos de melanoma o ano passado e 70 de carcinoma basocelular. O presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo diz que estamos a assistir "desde 2010, a um aumento progressivo do número de casos de cancro de pele”.
Mais de uma centena de casos de cancro de pele, 19 dos quais melanoma, foram detetados em 2017 no rastreio nacional, que observou 1.548 pessoas, a maioria mulheres, anunciou esta segunda-feira o presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC).
“Em 101 pessoas foi efetuado o diagnóstico clínico de cancro de pele, sendo 19 casos de melanoma e 70 de carcinoma basocelular”, disse Osvaldo Correia à agência Lusa, à margem de encontro promovido pela APCC, em Lisboa, no âmbito do Dia do Euromelanoma, assinalado este ano em Portugal a 16 de maio.
Segundo Osvaldo Correia, está a assistir-se, desde 2010, a “um aumento progressivo do número de casos de cancro de pele”.
Das 1.548 pessoas rastreadas no dia do Euromelanoma de 2017, com uma idade média de 52 anos e 60% mulheres, 43% evidenciavam “lentigos celulares no tronco (manchas acastanhadas tipo sardas, mas mais largas) que são testemunho de antecedentes de queimadura solar”, disse o dermatologista, advertindo que estas zonas apresentam maior risco de aparecerem carcinomas basocelulares e melanoma.
Dez por cento apresentavam queratoses actínicas (precursores potenciais de um tipo de cancro de pele) e 16% tinham nevos atípicos, um sinal irregular na cor e no contorno.
Comparando com 2010, observou-se um “aumento significativo” das manchas solares, que passaram de 37% nesse ano, para 43% em 2017 e das queratoses actínicas, que subiram de 5% para 10 para dez por cento.
Nestes sete anos, verificou-se ainda um aumento do número de homens que fizeram o rastreio e de pessoas com mais de 55 anos, que totalizaram 42% em 2017, contra 23% em 2010, o que indica que as “pessoas perceberam que a população madura é que deve procurar o médico”.
Mas, ressalvou, os mais jovens também têm de estar atentos, porque estão a ser detetados cancros de peles em pessoas com 30 e 40 anos.
Houve 24% que referiram antecedentes de queimadura solar antes dos dez anos e 55% entre os dez e os 18 anos, uma situação que representa “um risco acrescido de poder ter cancro de pele no futuro”.
Da população rastreada, 39% disseram praticar desporto ao ar livre, sobretudo os homens, e 6% contaram já ter sofrido queimaduras enquanto praticavam desporto.
“É importante que as pessoas percebam que mesmo a caminhar, a correr ao ar livre, sobretudo nas horas piores, têm de proteger-se com chapéu e usar manga comprida”, salientou.
Para sensibilizar a população, a APCC criou um “Roteiro de Verão”, liderado por dermatologistas, com apoio de vários voluntários, que irão percorrer nos fins de semana de julho praias marítimas ou fluviais de todo o país, levando “mensagens concretas de proteção solar adequada” e explicando como se diagnostica precocemente os diferentes cancros da pele.
“Todos devem fazer o autoexame que tem regras próprias e saber o que valorizar”, disse Osvaldo Correia, aconselhando as pessoas a tirarem fotos aos sinais e compararem-nos: “se houver uma lesão nova ou que modificou ou é estranha recorra ao dermatologista para esclarecer se é uma lesão de risco que tem que se tirar ou não”.
No Dia do Euromelanoma mais de 45 serviços de dermatologia vão realizar rastreios gratuitos, uma iniciativa da APCC, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia e da Direção-Geral da Saúde.
A incidência desta doença tem aumentado mundialmente, estimando-se que sejam diagnosticados este ano em Portugal mais de 12.000 novos casos de cancros da pele e cerca de mil serão melanoma.
LUSA