Portugueses no Brasil receiam não viajar livremente devido à vacina Coronavac
O passaporte contempla apenas as vacinas aprovadas pela EMA (Agência Europeia de Medicamentos): Pfizer/BioNTech, Moderna, AstraZeneca e Janssen.
Portugueses emigrados no Brasil disseram à Lusa que receiam não poder viajar livremente pela Europa porque a vacina chinesa contra a covid-19 Coronavac, usada em massa no país, não é reconhecida no certificado digital adotado pela União Europeia.
João Guilherme Peixoto, um sociólogo português a viver há 10 anos em Brasília, recebeu a vacina da Astrazeneca, reconhecida pela UE. Contudo, a sua mulher, uma professora brasileira de 39 anos, recebeu a chinesa Sinovac, situação que fez surgir no seio da família o receio de não poderem viajar em conjunto para Portugal, principalmente por terem dois filhos pequenos.
“Costumamos ir a Portugal periodicamente, mais ou menos de dois em dois anos. Depois que as crianças nasceram, reduzimos um pouco a periodicidade, mas a nossa preocupação é a de termos entraves em conseguir viajar para lá. Viajarmos é algo realmente muito importante para mim, sobretudo pelo contacto das crianças com a família portuguesa”, explicou à Lusa o sociólogo de 39 anos, de Coimbra.
João relatou que ainda tem avós maternos e gostaria de levar os dois seus filhos, de três e seis anos, a visitar o avô, que sofre de uma doença degenerativa.
“Queria muito ir a Portugal este ano. Queria que os meus filhos pudessem estar com avós, sobretudo com o avô, porque não sabemos se ainda haverá essa oportunidade nos próximos anos”, disse.
“Esta situação é angustiante para mim. O Brasil está uma caixinha de surpresas desagradáveis e nós não sabemos muito bem o que aí vem e quais serão as reações de Portugal e da União Europeia”, lamentou o português.
Na quinta-feira, Portugal aprovou o decreto-lei que regulamenta o certificado digital covid-19 da UE, comprovativo da testagem negativa, vacinação ou recuperação da doença, que entrará em vigor nos 27 Estados-membros a tempo do verão e que poderá ser usado para viagens.
O passaporte contempla apenas as vacinas aprovadas pela EMA (Agência Europeia de Medicamentos): Pfizer/BioNTech, Moderna, AstraZeneca e Janssen.
Apesar de no Brasil já estarem a ser aplicadas a maioria das vacinas aprovadas pela EMA, a Coronavac foi durante muitos meses o imunizante mais utilizado no país, uma vez que é produzido localmente pelo Instituto Butantan, de São Paulo.
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