29 Out, 2021

Portuguesas têm saúde pior que os homens e viverão menos anos saudáveis depois dos 65

No caso das mulheres, a expectativa é de que vivam até aos 72 anos de forma saudável e com qualidade de vida, menos um ano do que os homens.

As mulheres portuguesas, sobretudo as mais idosas, têm pior saúde do que os homens, têm mais dificuldades em pagar despesas dentárias e espera-se que vivam menos anos com qualidade após os 65 anos, revela um relatório europeu.

Os dados constam do Índice de Igualdade de Género 2021, da autoria do Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE, na sigla em inglês), que este ano tem um especial enfoque na saúde e no impacto das desigualdades de género no acesso à saúde.

Uma das principais conclusões é que as mulheres portuguesas têm uma saúde pior do que os homens e que esse facto não sofreu alterações nos últimos tempos, constatando que a proporção de mulheres que relatam ter uma boa saúde aumentou apenas um ponto percentual desde 2010 para os 45% em 2019.

“A proporção de homens que relataram ter uma boa saúde permaneceu em 55% durante o mesmo período, resultando num fosso de género de 10 pontos percentuais em 2019”, lê-se no relatório.

Acrescenta que as mulheres idosas são as que experienciam pior saúde, com apenas 12%, contra 18% de homens, com 65 anos ou mais que afirmaram ter uma saúde boa ou muito boa.

Dentro das desigualdades de género no acesso à saúde, o Índice analisa cinco itens, entre “nível da saúde e saúde mental”, “comportamentos saudáveis”, “acesso a serviços de saúde”, “saúde sexual e reprodutiva” e “a pandemia covid-19”.

Logo em relação ao primeiro aspeto, o EIGE dá conta de que a expectativa de vida saudável varia de homem para mulher, já que no caso do género feminino a expectativa é de que vivam até aos 72 anos de forma saudável e com qualidade de vida, menos um ano do que os homens.

Esta estimativa fica também abaixo da média europeia, já que a expetativa, tanto para homens como para mulheres, é que vivam mais 10 anos de forma saudável depois dos 65 anos.

Por outro lado, 68% das mulheres portuguesas com mais de 65 anos assumiu ter limitações nas atividades diárias por causa de problemas de saúde, contra 56% de homens.

Relativamente aos comportamentos saudáveis, o Índice analisou, por um lado, o elevado consumo de álcool pelo menos uma vez por mês, nas pessoas com mais de 15 anos, em que houve apenas 3% de mulheres contra 18% de homens.

Por outro lado, avaliou a percentagem de pessoas com mais de 16 anos que praticavam atividades físicas fora do período de trabalho, tendo constatado 23% de mulheres e 29% de homens.

Em matéria de acesso aos serviços de saúde, é possível constatar que 53% das mulheres, em comparação com 44% dos homens, tinham dificuldade em pagar despesas dentárias inesperadas em 2016, sendo que este fosso de género é quatro pontos percentuais mais elevado do que a média europeia.

Há também 49% de mulheres e 41% de homens que não conseguem pagar despesas relativas a cuidados de saúde mental, contra 39% e 33%, respetivamente, na média dos 27 países da União Europeia.

Relativamente à saúde sexual e reprodutiva, o relatório do EIGE mostra, por exemplo, que em 2020 cerca de 5% das mulheres em Portugal quiseram parar ou adiar uma gravidez, mas não estavam a usar qualquer método contracetivo.

Por último, e sobre a pandemia de covid-19, o instituto europeu calcula que tenham morrido 16% de mulheres e 15% de homens a mais em 2020/2021 em comparação com 2016/2019.

O excesso de mortalidade é uma estimativa apresentada como a percentagem de mortes adicionais numa semana em comparação com um período de referência, no caso de 2016/2019.

LUSA

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