14 Fev, 2024

“Portugal tem acesso a todas as tecnologias e tratamentos de ponta para as arritmias”

Arritmias, “a reunião mais importante da arritmologia nacional”, como afirma Diogo Cavaco, presidente da Associação Portuguesa de Arritmologia, Pacing e Eletrofisiologia da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, vai realizar-se a 16 e 17 de fevereiro, em Cascais. De acordo com o cardiologista, o evento tem como objetivo fazer a atualização de grandes temas. Diogo Cavaco mostra-se orgulho com a “boa saúde” do tratamento de arritmias em Portugal.

Vai realizar-se o Arritmias 2024. Quais os principais objetivos?
“Arritmias” é a reunião mais importante da arritmologia nacional. Na versão de 2024, temos como objetivo a atualização em grandes temas, como a prevenção da morte súbita cardíaca, dispositivos cardíacos (com especial enfoque no pacing fisiológico, na ressincronização e nos pacemakers “leadless”) e ablação de fibrilhação auricular e de taquicardia ventricular. Espera-se que os congressistas fiquem a par dos avanços na arritmologia e de que forma eles podem ajudar os seus doentes.

 

A que especialistas médicos se destina?  Não é apenas a arritmologistas, correto?
O público-alvo do “Arritmias 2024” é bastante alargado e inclui especialistas na área, assim como cardiologistas especializados noutras valências (clínica, insuficiência cardíaca, imagem), cirurgiões cardíacos, internistas e internos de Cardiologia, Cardiologia Pediátrica e Cirurgia Cardíaca. Esta participação multidisciplinar enriquece muito a discussão e partilha de conhecimentos.

 

Este evento tem também sessões dedicadas a enfermeiros e cardiopneumologistas. Qual a importância destes profissionais no que respeita ao tratamento e seguimento dos doentes com arritmias?
Os enfermeiros e cardiopneumologistas são parte essencial das nossas equipas – têm funções específicas muito importantes, tanto nos procedimentos (ablações, implantações de dispositivos), como no seguimento de doentes a longo prazo (como por exemplo, na avaliação de dispositivos, na educação dos doentes portadores de dispositivos, no garante da toma de medicação, na avaliação da qualidade de vida dos doentes). Esta reunião serve também para a partilha de experiências entre estes vários tipos de profissionais.

 

Qual o critério de construção do programa científico? Quer destacar alguma temática?
O programa científico tem vindo a ser construído nos últimos meses por elementos da Direção da Associação Portuguesa de Arritmologia, Pacing e Eletrofisiologia (APAPE) e do Instituto Português do Ritmo Cardíaco (IPRC). O objetivo é ter um programa abrangente, em que se incluam todas as áreas da Arritmologia. Uma vez que o público-alvo é mais alargado, temos também o cuidado de ter sessões que sejam de interesse para todos. Há também empenho na educação dos mais jovens – este ano, haverá uma mesa de casos-clínicos cuja organização é da responsabilidade de uma comissão de jovens eletrofisiologistas (“Young EPs”), assim como um mini-curso de Anatomia cardíaca para eletrofisiologistas e uma sessão de discussão de traçados eletrocardiográficos.

 

Vão ter sessões conjuntas com a sociedade brasileira e com a sociedade a europeia. Qual a importância deste tipo de networking com sociedades congéneres?
A partilha de saber com sociedades congéneres tem uma grande tradição nas reuniões organizadas pela APAPE. Estes momentos prestigiam o programa científico e contribuem para aproximar a nossa comunidade médica dos seus pares internacionais. O simpósio luso-brasileiro com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) já existe há mais de 20 anos e é sempre uma excelente oportunidade para troca de conhecimentos entre especialistas dos dois países. Temos o privilégio, este ano, de ter connosco o presidente e o coordenador científico da SOBRAC. A reunião conjunta com a European Heart Rhythm Association (EHRA), a associação científica da Sociedade Europeia de Cardiologia, que se dedica ao estudo das arritmias, é também sempre uma importante ocasião de troca de experiência. Este ano vai ser dedicada a documentos de consenso publicados pela EHRA e teremos entre nós autores dos mesmos.

 

Considera que Portugal está a nível dos outros países no que respeita ao tratamento das arritmias?
O tratamento das arritmias inclui áreas clínicas, farmacológicas e de intervenção. Temos em Portugal acesso a todas as tecnologias e tratamentos de ponta para as arritmias cardíacas. Os nossos registos de intervenção em Arritmias, de dispositivos cardíacos e de ablação incluem todos os centros nacionais e são uma boa “janela” de observação do que se faz em Portugal. O número de ablações tem vindo a crescer consistentemente ao longo dos anos, assim como da implantação de dispositivos cardíacos (pacemakers e desfirilhadores). São números que nos colocam na média dos outros países da União Europeia e que atestam a boa saúde do tratamento de arritmias em Portugal.

 

Quais as suas expectativas para esta reunião?
O programa científico está bastante equilibrado e interessante para um número alargado de profissionais médicos e não médicos. O interesse na reunião é elevado e, pelo número de inscritos até agora, temos noção de que se irá ultrapassar o número de congressistas dos anos anteriores. As expectativas são por isso elevadas – seguramente que será uma reunião em que a discussão e a aprendizagem de temas relacionados com as arritmias cardíacas será muito profícua.

 

SM

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