Pitiríase versicolor
Dermatologista, Centro Hospitalar Universitário do Porto

Pitiríase versicolor

As infeções fúngicas cutâneas ou micoses superficiais dividem-se, habitualmente, em inflamatórias [Dermatofitias (ou tinhas) e Candidose (ou candidíase)] e não inflamatórias (Pitiríase versicolor). As dermatofitias são designadas de acordo com a localização anatómica (pele glabra: face, mãos / pés, tronco e membros; pelos ou cabelos; barba, couro cabeludo e unhas mãos e pés: onicomicoses).

Quando diagnosticadas e tratadas adequada e atempadamente evitam-se consequências irreversíveis como alopecia cicatricial, no caso da barba e couro cabeludo, distrofia total da lamina ungueal e envolvimento extenso das lesões da pele glabra, por vezes com má resposta, mesmo após terapêutica sistémica. Relativamente à candidíase, se não tratada, pode originar, principalmente perante imunossupressão, envolvimento sistémico com desfecho por vezes fatal.

Neste artigo será abordada a Pitiríase versicolor. Por definição Pitiríase significa descamação e versicolor diversas cores. Os agentes etiológicos pertencem ao género Malassezia spp (≈14 espécies), sendo que a Malassezia globosa é a mais comum (49%-97%). Trata-se de fungo leveduriforme, comensal e lipofílico (o que influencia a sua distribuição em áreas ricas em sebo) e que surge após a puberdade.

Habitualmente, encontra-se em fase de levedura, podendo, por mecanismos desconhecidos, passar à fase micelar patogénica e originar assim doença, tratando-se por este motivo de uma dermatose crónica, muito frequentemente recorrente.

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Clinicamente, manifesta-se por manchas ou máculas, de limites bem definidos, de diferentes dimensões e cores (hiperpigmentadas, hipopigmentadas ou eritematosas), com descamação superficial, dispersas ou mais localizados, distribuindo-se pelas áreas ricas em sebo, isto é tronco e raiz dos membros e mais raramente região cervical e face. São fatores condicionantes locais o aumento da humidade, da taxa de produção de sebo e o verão. Não está provado que doenças sistémicas associadas a imunossupressão ou agentes farmacológicos imunossupressores possam estar associados a maior frequência de doença.

O diagnóstico é clínico, mas podemos utilizar diversas ferramentas para a sua identificação como a Luz de Wood, que pode evidenciar uma fluorescência verde-amarelada, ou a visualização no exame microscópico direto, após colheita de amostra por raspado de lesão cutânea, de hifas curtas e esporos (em cachos).

A terapêutica é tópica nos casos mais localizados, limitados ou com curto tempo de evolução (2-4 semanas), utilizando agentes da família dos imidazólicos. A terapêutica sistémica (também da família dos imidazólicos) está reservada para uma dermatose extensa, resistente ao tratamento tópico ou em doentes com recidivas frequentes.

A prevenção passa por diminuir os fatores condicionantes. A utilização de agentes tópicos em gel limpeza ou champô (com imidazólicos), nos períodos de maior calor, reduz a probabilidade de recidiva. Os doentes devem estar conscientes da frequência das recidivas e duração das lesões hipopigmentadas (que, por vezes, poderão necessitar de exposição solar para que ocorra repigmentação). O prognóstico é bom, no entanto, o número de recidivas e extensão da dermatose, torna a dermatose de difícil gestão.

 


 

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