14 Mar, 2017

“Pilula do cancro” será vendida como suplemento alimentar no Brasil

Dois dos investigadores envolvidos no desenvolvimento da “pílula do cancro” prometeram a venda de fosfoetanolamina sintética como suplemento alimentar fabricado nos Estados Unidos, a partir de dia 16 de março

Dois dos investigadores envolvidos no desenvolvimento da “pílula do cancro” prometeram a venda de fosfoetanolamina sintética como suplemento alimentar fabricado nos Estados Unidos, a partir de dia 16 de março, escapando da regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para essa categoria.

A agência não consegue impedir a entrada da substância em território brasileiros, contudo já agiu no sentido de proibir a publicidade do produto que, inicialmente, usava fotos de mulheres e crianças carecas para promover o seu uso como suplemento.

De acordo com a Anvisa, “”um suplemento alimentar não pode ter, entre suas alegações, funções terapêuticas”. Ou seja, o fabricante não pode insinuar no rótulo ou na publicidade a cura de qualquer doença.
Marcos Vinicius de Almeida, biólogo, e Renato Menguelo, clínico geral, pesquisaram a substância sob orientação de Gilberto Chierice, professor de Química da Universidade de São Paulo (USP) São Carlos, atualmente aposentado.

Durante mais de 20 anos, Chierice produziu, nos laboratórios da USP, e distribuiu de forma informal a pílula.
O professor aposentado sustenta que um hospital de São Paulo realizou testes clínicos com a substância, as nunca apresentou os resultados e, por isso, a investigação não chegou a ser publicada.

De acordo com a dupla de investigadores, a produção da substância nos Estados Unidos seria uma forma de contornar a demora da burocracia brasileira. A fosfoetanolamina é vendida como suplemento alimentar nos EUA e na Europa há décadas e nunca foi associada à melhora de pacientes com cancro, mas o grupo de Chierice era contra essa alternativa de comercialização.

“Todos nós éramos contra a produção do suplemento, até o início das pesquisas clínicas. Uma vez iniciadas, tínhamos a intenção de produzir o produto como suplemento e, se confirmada a eficácia como medicamento”, afirmou Marcos Vinicius de Almeida, que confirmou também a rutura de ambos com o grupo de São Carlos no final de 2015.

O biólogo fez um pedido de patente do processo de produção do composto nos Estados Unidos em agosto do ano passado.

“Neste pedido consta a inovação industrial da produção da fosfoetanolamina, onde conseguimos a obtenção do produto de forma 70% mais rápida, com aumento do rendimento e da pureza obtida no produto final. Isto em comparação ao método de produção laboratorial que desenvolvemos aqui no Brasil e que ainda está sob averiguação de libertação da patente”, disse Almeida. O pedido de patente do processo de síntese e de registo do suplemento foi feito ao United States Patent and Trademark Office (USPTO).

A reserva de encomendas de fosfoetanolimina podem ser feitas online e cada cápsula terá um custo de aproximadamente 1,14 euros (3,80 reais). As cápsulas serão produzidas nos EUA pela Florida Supplement, empresa especializada na manipulação de vitaminas e suplementos, certificada pela Food and Drug Administration (FDA).

A fórmula desenvolvida por Chierice está actualmente a ser testada em pacientes oncológicos no Instituto do Cancro do Estado de São Paulo (Icesop). Os resultados de fase 2 destes ensaios clínicos devem ser divulgados nas próximas semanas.

Medscape/SO

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