7 Out, 2025

OMS alerta que 15 milhões de adolescentes fumam cigarros eletrónicos em todo o mundo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para o aumento do uso de cigarros eletrónicos entre adolescentes, estimando que 15 milhões de jovens entre os 13 e os 15 anos utilizem estes dispositivos a nível global. O organismo das Nações Unidas avisa que os cigarros eletrónicos estão “a alimentar uma nova onda de dependência da nicotina”.

OMS alerta que 15 milhões de adolescentes fumam cigarros eletrónicos em todo o mundo

De acordo com o novo relatório global da OMS sobre a utilização do tabaco, o risco de os jovens começarem a fumar é nove vezes superior ao dos adultos.

“Os cigarros eletrónicos estão a alimentar uma nova onda de dependência da nicotina”, alertou Etienne Krug, diretor do Departamento de Controlo de Doenças Crónicas e de Prevenção da Violência e dos Traumatismos da OMS, durante a apresentação do relatório em Genebra, na Suíça.

O especialista sublinhou que, embora promovidos como uma alternativa menos nociva ao tabaco tradicional, “estes produtos estão, na verdade, a viciar os jovens em nicotina mais cedo e a colocar em risco décadas de progresso na luta contra o tabagismo”.

O “Relatório Global da OMS sobre as Tendências da Prevalência do Tabaco 2000-2024 e Projeções 2025-2030”, baseado em 2.034 inquéritos nacionais realizados entre 1990 e 2024 e cobrindo 97% da população mundial, estima que existam atualmente mais de 100 milhões de utilizadores de cigarros eletrónicos — pelo menos 86 milhões de adultos e 15 milhões de adolescentes —, concentrados sobretudo em países de rendimento elevado.

Apesar da popularidade crescente dos dispositivos eletrónicos, a OMS aponta uma tendência positiva: o número de fumadores de tabaco convencional tem diminuído desde o início do século, passando de 1,38 mil milhões para 1,24 mil milhões em 2024. Ainda assim, 19,5% da população com mais de 15 anos continua a fumar.

As projeções indicam que o índice global de consumo de tabaco convencional poderá cair para 17,4% até 2030. A redução é mais significativa entre as mulheres — de 16,5% em 2000 para 6,6% em 2025 —, enquanto entre os homens passou de 49,8% para 32,5% no mesmo período.

Por faixa etária, os adultos entre os 45 e os 54 anos mantêm a maior prevalência de consumo, embora com descida de 42,1% para 25%. Entre os jovens de 15 a 24 anos, o consumo recuou de 20,3% para 12,1%.

Regionalmente, o Sudeste Asiático liderava em 2000, com 54,1% de fumadores, mas em 2024 a Europa passou a ser a região com maior prevalência relativa, 24,1%, seguida das Américas (14%) e de África (9,5%), esta última com o menor consumo global.

A Europa também apresenta as taxas mais elevadas de consumo entre adolescentes de 13 a 15 anos, com uma média de 11,6%, praticamente idêntica entre rapazes e raparigas. Em nenhuma região do mundo o consumo juvenil é inferior a 9%.

Na América Latina, os índices são mais baixos, com o Chile (26,7%) e a Argentina (23,5%) a registarem as taxas mais altas, enquanto o Paraguai (6,4%) e o Panamá (4,8%) têm as mais reduzidas.

“Quase 20% dos adultos ainda usam produtos de tabaco e nicotina. Não podemos baixar a guarda agora”, afirmou o diretor-geral adjunto da OMS para a Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças, Jeremy Farrar, sublinhando a urgência de proteger as novas gerações da dependência da nicotina.

A OMS apela aos governos para que ajam “de forma rápida e enérgica” no controlo dos produtos eletrónicos de nicotina, reforcem as políticas de prevenção e ampliem as restrições à publicidade e à venda a menores.

LUSA/SO

Notícia relacionada

“Todos os anos, cerca de 12 mil portugueses morrem devido ao tabaco”

ler mais

Partilhe nas redes sociais:

ler mais