Presidente do STSS - Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica
O SNS e a saúde têm de envolver os TSDT e todos os profissionais de saúde
Os portugueses todos os dias ouvem falar nos problemas que o SNS enfrenta: a falta de profissionais, de meios e de investimento, que apesar do aumento nos últimos anos do orçamento de estado da saúde, não tem sido suficiente. Por isso, é essencial existirem transformações que são complexas e muitas delas difíceis de implementar, mas que para se conseguirem efetuar têm de envolver as pessoas, ou seja, os profissionais de saúde, as administrações hospitalares, etc.
Algumas mudanças já estão a ser executadas, muitas delas profundas, como é o caso da reorganização da maioria dos serviços públicos em Unidades Locais de Saúde (ULS), um grande desafio para as organizações e para os profissionais de saúde. E era tão relevante e essencial a participação dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT) nas transformações que estão a ocorrer na organização do SNS.
Entendemos e defendemos uma mudança de paradigma na gestão das organizações, uma gestão mais participada que inclua todos os profissionais de saúde, nomeadamente os TSDT. Que permita a integração de todos neste ecossistema complexo das profissões de saúde e que permita uma visão mais holística dos estabelecimentos e serviços de saúde. Não se pode defender e implementar mudanças sem termos noção desta realidade, para não continuarmos a cometer os erros do passado, porque todos os profissionais de saúde são importantes para atingirmos os objetivos de reforçar e melhorar o SNS em prol dos seus utentes.
São, por isso, inúmeros os desafios com os quais se deparam os TSDT! Nomeadamente, as matérias relativas à carreira profissional, tal como a consolidação do processo de descongelamento dos CIT e as alterações da tabela salarial em paridade aos compromissos do governo para a revalorização dos salários das carreiras de Técnicos Superiores da Administração Pública.
A avaliação de desempenho, pela necessidade da sua adaptação, do desenvolvimento e da conclusão dos procedimentos de avaliação de desempenho dos TSDT dos últimos anos com a correta atribuição de pontos por ano, da regulação profissional, pela inexistência de autorregulação em muitas das profissões que constitui o grupo dos TSDT, do ensino, com o desenvolvimento dos graus académicos e da consolidação das aptidões e conhecimentos adquiridos com o reconhecimento e a valorização destes profissionais de saúde, seja na carreira seja no seu exercício profissional.
A relevância das nossas funções e competências, no seio das organizações, não pode continuar a ser, na maioria das vezes, intencionalmente ignorada ou condicionada por outros grupos profissionais e por interesses corporativos que não contribuem para a melhoria dos resultados e da resposta do SNS. Todos temos de nos focar em dar as melhores respostas às necessidades dos utentes.
Temos a obrigação de contribuir para esta transformação! Só uma visão multidisciplinar nas organizações e na gestão permite uma melhoria contínua na resposta assistencial nos diferentes níveis de cuidados e que vá de encontro às necessidades da população, nomeadamente na promoção, prevenção, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos onde este grupo de profissões intervém diariamente na prestação de cuidados.
O SNS e os seus profissionais foram o garante da resposta à população nos tempos de pandemia, como todos bem sabemos. Todos reconhecemos a necessidade de transformar o SNS para o reforçar, mas tal só se faz com profissionais motivados e com o envolvimento de TODOS, não só de alguns…