2 Mar, 2018

Normas “exigentes” colocam nutricionistas nas farmácias em risco

A coordenadora de uma equipa de 200 nutricionistas que exercem atividade em farmácias comunitárias, considera que os requisitos desta norma são demasiado exigentes.

Normas “exigentes” colocam nutricionistas nas farmácias em risco

Em causa está a Norma de Orientação Profissional da Ordem dos Nutricionistas, que está em consulta pública até segunda-feira, data limite para receber contributos.

Filipa Cortez, nutricionista e coordenadora de uma equipa de 200 nutricionistas que exercem atividade em farmácias comunitárias, considera que os requisitos desta norma são demasiado exigentes e acredita que a maioria dos nutricionistas deixará de exercer nas farmácias, onde têm obtido “resultados muito bons”, nomeadamente no combate ao excesso de peso. “São exigidas infraestruturas e equipamentos que as farmácias não têm atualmente, como a dimensão de gabinetes (sete metros quadrados)”, disse Filipa Cortez, recordando que muitas das farmácias já existem há muito tempo e não têm estas dimensões.

Também os equipamentos que têm de estar disponíveis, como um estadiómetro, que avalia a estrutura ou altura, apenas são exigidos para as farmácias, o mesmo não acontecendo para os centros de saúde ou hospitais, prosseguiu. “Parece-nos exagerado. Só as farmácias com instalações recentes e modernas é que conseguirão corresponder às exigências”, afirmou a nutricionista.

Por outro lado, a norma não permite o uso de suplementos alimentares nem substitutos de refeição, o que “retira aos nutricionistas a liberdade de escolha dos melhores mecanismos para cada atuação”. Filipa Cortez acredita que, em virtude da incapacidade de cumprimento desta norma, cerca de 350 nutricionistas (10% dos profissionais em Portugal) que exercem nas farmácias vão ficar sem trabalho. “É voltar dez anos atrás, apesar dos ótimos resultados que temos obtido, nomeadamente no combate à obesidade”, disse.

Segundo Filipa Cortez, os nutricionistas realizaram mais de 400 mil consultas nas farmácias comunitárias, em 2017.

LUSA/SO

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