Necessidade de reforçar Saúde Pública é uma das lições da pandemia
"As equipas de Saúde Pública têm de ser reforçadas, não só em número, como do ponto de vista tecnológico", defende Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde defendeu que uma das lições da pandemia foi a necessidade de reforço da infraestrutura de Saúde Pública, lembrando que todos os portugueses estiveram, nalguma altura, em vigilância por estas equipas.
“Fica uma lição: de facto, a infraestrutura de Saúde Pública tem de ser reforçada, as equipas têm de ser reforçadas, não só em número, como do ponto de vista tecnológico”, afirmou Graça Freitas, numa entrevista à agência Lusa para assinalar os dois anos das primeiras infeções por SARS-CoV-2 detetadas em Portugal.
A responsável pela Direção-Geral da Saúde (DGS) disse que a pandemia “serviu de catalisador (…) para um grande desenvolvimento tecnológico” que não se pode perder, “tanto esta nova organização das equipas, como o treino para uma outra epidemia”.
“Temos de pensar na organização da Saúde Pública para dar mais respostas e melhores respostas ainda do que as que foram dadas. A saúde publica superou-se completamente”, sublinhou.
Graça Freitas destacou o trabalho de colaboração das autarquias, dos militares e dos centros de saúde durante estes dois anos, lembrando que “todos participaram com elementos” para as equipas de saúde pública.
“Estes profissionais não pararam, não tiveram férias, trabalharam ininterruptamente (…) e vigiaram de longe mais de 30 milhões de pessoas”, disse.
Disse também que a pandemia obrigou a Saúde Pública a reinventar-se: “A Saúde Pública teve de se reinventar e fê-lo à custa de profissionais que acabaram por ser cooptados para a causa”.
A responsável acrescentou ainda que as equipas de Saúde Pública “tiveram de se reconstruir”: “Passaram do modelo clássico de investigação epidemiológica, que é um modelo muito cuidadoso, de trabalho de detetive, muito feito por médicos com formação para isso, para perceber que tinham de criar equipas que integraram outros profissionais de saúde e tinham como missão apanhar o maior número possível de pessoas, isolar e quebrar cadeias de contacto”.
Frisou que este “foi um enorme desafio” e acrescentou: “Não se consegue imaginar o trabalho que as equipas de Saúde Pública tiveram… para cada caso positivo houve 4, 5, 7 ou 10 contactos, conforme as ondas. Com 3 milhões de positivos, se cada caso positivo originou em média 10 contactos, isto dá 30 milhões de pessoas em vigilância. Todos estivemos sob vigilância nalguma altura desta pandemia”.
LUSA