19 Mar, 2019

Mais pobres têm maior risco de AVC e cancro

Risco de inflamações crónicas é maior nos mais pobres. Realidade agrava-se nos países com maiores desigualdades sociais, como Portugal.

As pessoas de classes sociais mais desfavorecidas apresentam um maiores níveis de inflamação crónica e, por causa disso, têm um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes, AVC, enfartes e alguns tipos de cancro. A informação é avançada pelo jornal Público, a partir de um estudo feito pelo projeto Lifepath, de que Portugal faz parte.

Para além do nosso país, entraram neste estudo também a Suíça, a Irlanda e o Reino Unido. No total, foram analisados dados de mais de 18 mil pessoas com idades entre os 50 e os 75 anos. O estudo concluiu que a classe social tem influência na inflamação crónica e que essa influência é mais visível em sociedades em que existe maior desigualdade social, como a portuguesa.

“Os indivíduos de classe social mais baixa tinham maiores níveis de inflamação e foi precisamente em Portugal, o país com maior diferença entre ricos e pobres [entre os quatro analisados], que essa diferença de inflamação entre a classe social mais alta e a classe social mais baixa foi maior”, diz ao Público Ana Isabel Ribeiro, investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, a instituição que representou Portugal no estudo.

Para aferirem os níveis de inflamação, os investigadores usaram como referência a proteína C-reativa – uma proteína produzida pelo fígado, quando o organismo enfrenta algum tipo de infeção. Os resultados deste estudo foram publicados na revista Scientific Reports. Contudo, já antes, outros trabalhos tinham concluído, por exemplo, que as condições socioeconómicas menos favoráveis contribuíam, em média, para a perda de 2,1 anos de vida.

A última etapa do projeto passa pelo desenvolvimento de políticas que visem diminuir as desigualdades na área da saúde. ” [Este estudo] mostra que ser pobre, quando não existem mecanismos que atenuem esses efeitos, também faz mal à saúde”, diz a investigadora.

Tiago Caeiro

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