Mais de 100 médicos estão de quarentena, garante sindicato

Mais de 100 médicos estão em quarentena, diz o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, que também está em isolamento.

“Não poderei dizer em detalhe [o número de médicos em quarentena] mas ultrapassará a centena neste momento”, afirmou Jorge Roque da Cunha.

Roque da Cunha faz parte deste grupo que está em isolamento domiciliário, após ter sido determinado pelas autoridades de saúde a quarentena de todos os profissionais e o encerramento por duas semanas da Unidade de Saúde Familiar onde o médico trabalha, na sequência da confirmação de um caso positivo de Covid-19.

“O facto de a médica ter testado positivo na nossa unidade de saúde fez com que o delegado de saúde decretasse a quarentena de todos os profissionais de saúde durante 14 dias e naturalmente como trabalhador do Serviço Nacional de Saúde de primeira linha irei cumprir essa obrigação”, sublinhou.

O médico disse não ter tido contacto direto com a doente e explicou que não há indicação formal para ser testado. “Estamos em casa assintomáticos, estamos bem, disponíveis e preparados para continuar a defender o SNS”, vincou.

 

Atrasos na linha de apoio ao médico continuam

 

Roque da Cunha lamentou “mais uma vez” os atrasos da Linha de Apoio ao médico e “a incapacidade” da Linha de Saúde 24 que fez com que a médica demorasse “tempo demais” para fazer o teste que acabou por confirmar a doença.

“Não é admissível que se esperem dois dias pela validação de um caso que ainda por cima veio dar positivo”, lamentou.

Por isso, os clínicos reforçam o apelo para que “não seja necessário a validação através de médicos que estão numa linha recentemente criada”, mas que diretores de serviços de Medicina e de serviços de infecciologia também possam “ter o poder para decidir a realização desses testes”.

Reforçam também a necessidade de aumentar os locais onde os testes são feitos e os locais onde há a confirmação desses testes. “É essencial nesta resposta”, sustentou.

“Lamentamos também que só ontem [quarta-feira] o Governo tenha avançado para a aquisição de material de proteção dos médicos”, disse, aludindo ao despacho publicado nesse dia a autorizar o reforço de 20% dos stocks de equipamento individual de proteção, de desinfeção e de diagnóstico (reagentes para testes).

“Temos avisado, apelado, implorado para que essa proteção ocorra. Em muitíssimos centros de saúde não há sequer máscaras cirúrgicas quanto mais material adequado para a proteção. Se não se protegerem os profissionais, que são um altíssimo fator de risco nesta matéria, teremos uma dificuldade muito maior no desenvolvimento desta tarefa”, sublinhou Roque da Cunha.

Para o dirigente sindical, “a ligeireza com que, inicialmente, o Governo encarou esta questão, de não considerar essencial a proteção dos médicos, faz com que um Serviço Nacional de Saúde que já está no limite da sua capacidade, tenha muito mais dificuldade em fazer aquilo que é a sua função com profissionais em quarentena”.

Ao contrário do sindicato dos médicos, a Ordem dos Enfermeiros não tem, neste momento, indicação de que haja algum profissional de enfermagem a cumprir quarentena ou infetado com o novo coronavírus.

SO/LUSA

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