18 Fev, 2020

Madeira: Sesaram exige “demissão imediata” do diretor clínico

Nomeação de antigo deputado centrista como diretor clínico continua a ser contestada pelos profissionais de saúde da Madeira.

Um grupo de 45 médicos do Serviço Regional de Saúde da Madeira (Sesaram), incluindo 29 diretores de serviço, exigiram ontem, 17 de fevereiro, “a demissão imediata” do diretor clínico, o ex-deputado do CDS-PP/Madeira, Mário Pereira.

No dia 07 de fevereiro, Mário Pereira, médico ortopedista do Sesaram e ex-deputado centrista na Assembleia Legislativa da Madeira, tomou posse como diretor clínico, depois de ter sido nomeado pelo Governo Regional de coligação PSD/CDS.

Esta nomeação gerou contestação de um conjunto de médicos do Sesaram que se reuniram na sede da Ordem destes profissionais de saúde, no Funchal, tendo a maioria optado por demitir-se das direções de serviço.

Ontem, os médicos, após nova reunião, “onde estiveram presentes 45 elementos, entre eles 29 diretores de serviço, decidiram exigir a demissão imediata do diretor clínico, recentemente nomeado”, disse o porta-voz do encontro, Eugénio Mendonça.

Numa declaração sem direito a perguntas, os médicos invocaram para esta exigência “todas as razões legais de partidarização dos órgãos técnicos, a falta de legitimidade para o cargo e o não reconhecimento pelos colegas” de Mário Pereira.

Os médicos dizem estar dispostos à “utilização de todos os mecanismos legais ao dispor para tornar efetivada esta reivindicação”.

Na mesma declaração apontam que esta decisão “inclui a denúncia individual da comissão de serviço a que estão vinculados todos os diretores de serviço signatários a realizar amanhã [terça-feira] no departamento de recursos humanos do Sesaram”.

“Mais informamos que, contrariamente ao que, de forma leviana e irresponsável, tem sido veiculado para a comunicação social, pelo atual diretor clínico, 24 diretores de serviços hospitalares, o que corresponde aproximadamente 70% dos mesmos, estão demissionários e têm o apoio firmado de 154 médicos do quadro hospitalar”, sublinham.

Estes clínicos contestatários consideram ainda que “este é o caminho desejado por todos para garantir o normal funcionamento do Serviço Regional de Saúde”.

À margem de uma conferência na ilha, o secretário regional da Saúde da Madeira, Pedro Ramos, confrontado com a realização desta reunião, opinou que a situação seria resolvida “com diálogo, fazendo votos para que “prevalecesse o bom senso”.

A polémica sobre a nomeação do diretor clínico do Sesaram começou quando foi escolhida inicialmente a médica Filomena Gonçalves, indicada pelo CDS-PP.

Então, cerca de 90% dos diretores clínicos do Serviço Regional de Saúde contestaram esta decisão, opondo-se à alteração dos estatutos do Sesaram, segundo os quais a direção clínica deve ser assumida por um médico dos quadros. Aquela médica exercia a sua atividade no setor privado.

Na sequência destas revelações, Filomena Gonçalves manifestou-se indisponível para o cargo, considerando também ter sofrido uma “humilhação pública”. A segunda escolha recaiu em Mário Pereira.

Este médico tomou posse no dia 07 de fevereiro e apelou para a “pacificação”, prometendo reunir-se com os diretores de serviço do Sesaram.

Contudo, os médicos contestatários mantêm a decisão de demitir-se, por considerarem existir uma partidarização da área clínica da saúde na região.

SO/Lusa

 

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