‘Luísa e o Lobo’, uma mensagem de esperança de quem sobrevive ao Cancro

Hoje é o Dia Mundial da Tiroide e o Saúde Online partilha a história de Luísa Virtudes, autora do livro Luísa e o Lobo, que mais do que um relato de uma doente oncológica, é uma aprendizagem em saber lidar com o medo.

O calendário marcava 18 de agosto de 2015. “Depois de umas análises de rotina onde os valores da tiroide não estavam bem. Fui aconselhada a fazer uma ecografia, a que se seguiu uma biópsia e a confirmação do Carcinoma Papilar da Tiroide, variante Folicular”, conta Luísa Virtudes ao Saúde Online, sobre o dia em que descobriu que tinha Cancro da Tiroide.

Até a este dia, Luísa viveu 44 anos sem cancro. “Eu tinha uma vida normal, trabalho, amigos, namorado, vários interesses como ler, escrever, visitar museus, equitação, ouvir música clássica e a paixão por todo o tipo de animais levada ao limite”, assim descreve.

A morte de uma tia com cancro de mama, quando tinha 16 anos, foi um marco na sua adolescência. Desde aí, sabia que tinha que estar informada e ter cuidado com a sua saúde.

Toda essa precaução a fez chegar ao diagnóstico, através de um simples exame. Luísa não tinha sintomas nenhuns. E a partir desse dia, a palavra Cancro passou a fazer parte do seu quotidiano com mais frequência do que seria alguma vez esperado, sem ter sido pedido.

“Um desafio que engloba muitos desafios”

“O primeiro impacto foi a nível auditivo, quando ouvi a palavra Cancro na primeira pessoa, a palavra que corta, entrou sem pedir licença, com um medo que tentou comer a minha Alma”, relata.

Depois do medo, vem a ‘rotina’, em que as idas constantes ao IPO passaram a fazer parte, seguindo-se o fator ‘pena’. “Ninguém consegue disfarçar a pena e o constrangimento de forma perfeita, fica um silêncio que depois é cortado por um tema de conversa para mudar de assunto, ninguém quer falar de Cancro e um dos males da sociedade é que toda a gente foge do medo e é isso que o medo quer”, sublinha.

Em Luísa e o Lobo, a história é diferente. É um testemunho de quem não fugiu e soube enfrentar o seu maior receio. É uma mensagem de esperança e coragem.

“O lobo é o cancro. Sempre tive imenso respeito pelo animal. Em miúda, tinha medo do lobo mau do Capuchinho Vermelho, mas insistia com a minha mãe para todas as noites me ler a história, até que teimosamente perdi o medo. Achei adequado à situação, e resolvi tratá-lo por tu, conversar com ele, escrever com ele e para ele, escrever para mim, lutar, resistir, ser e não abdicar um segundo que fosse da minha alegria de viver, o que digamos não é a tarefa mais fácil do mundo quando nos dizem que temos um Cancro”, explica.

Escrever este livro funcionou como uma espécie de terapia. Luísa acordava cedo para se expressar entre palavras e criar uma relação que, agora, diz ser “muito pessoal” com o Cancro.

“Ter Cancro é também tomar uma decisão pessoal” 

Entre tratamentos, que passaram pela Tiroidectomia Total, um Esvaziamento Cervical do Pescoço e pela Iodoterapia, e medicação que inclui uma dose alta de hormona tiroideia, o medo e a dor estiveram presentes, como seria de esperar em qualquer doente oncológico.

“O cancro apenas me fez perceber as situações em que não vale a pena sofrer, seja por algo ou por alguém, e as situações em que vale a pena eu aplicar essa intensidade. Ou seja, passou a ser a minha bússola em direção à felicidade”, sublinha.

Hoje Luísa tem cancro, mas o cancro não a detém.

 

Livro “Luísa e o Lobo”

Imagem de destaque: Nuno Antunes/Prime Books

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