30 Jan, 2019

Investigadores de Aveiro concluem que memória recorda melhor objetos contaminados

Uma investigação de uma equipa de psicólogas da Universidade de Aveiro (UA) conclui que objetos contaminados são mais bem recordados pela memória humana, devido ao sistema imunológico comportamental.

O trabalho, que constatou perante um conjunto de voluntários a maior facilidade em memorizar objetos tocados por pessoas doentes do que por pessoas saudáveis, sugere que esse desempenho da memória se desenvolveu ao longo da evolução da espécie humana para proteger a saúde e, em última instância, a vida.

“Ao longo da evolução, o Homem tem enfrentado uma multiplicidade de microorganismos patogénicos que ameaçam a sua reprodução e sobrevivência. Em resposta a este problema adaptativo, desenvolveu-se um sistema imunológico biológico flexível, que deteta e destrói patogenes já contraídos, e um sistema imunológico comportamental (SIC), para prevenir o contacto com possíveis fontes de infeção”, explica Natália Fernandes, da equipa de investigação.

Segundo Natália Fernandes, que desenvolveu o trabalho juntamente com William James Research Centre e Josefa Pandeirada, “o SIC, quando deteta potenciais contaminantes, induz vários tipos de resposta, designadamente respostas afetivas, cognitivas e comportamentais, que serão determinantes para procurar evitar as fontes de ameaça.

É a componente cognitiva desse sistema, particularmente a memória, que a equipa de investigação procura explorar.

As experiências contaram com a participação de cerca de duas centenas de voluntários, aos quais foi pedido que visualizassem imagens de objetos tocados por pessoas doentes ou saudáveis.

Metade dos objetos foi apresentada juntamente com uma breve descrição de sintomas de doença que a pessoa estaria a evidenciar, como tosse, ou imagens de faces dessas pessoas contendo pistas de doença, como o herpes labial. A outra metade dos objetos foi apresentada com descrições de características físicas da pessoa ou com faces com aparência saudável.

Após uma tarefa de distração, foi pedido aos participantes que recordassem o máximo de objetos apresentados anteriormente.

“Os dados revelaram que as pessoas se recordam melhor de objetos ‘tocados’ por pessoas doentes, ou seja, objetos que são potencialmente contaminantes, comparativamente com os objetos ‘tocados’ por pessoas saudáveis, ou seja, com menor potencial de contaminação”, descreve Natália Fernandes.

LUSA

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