7 Dez, 2016

Investigador cria modelo de ajuda a cuidadores de jovens com doença oncológica

Um investigador da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) desenvolveu um modelo para “ajudar profissionais de saúde a cuidarem melhor de adolescentes com doença oncológica”, anunciou hoje aquele estabelecimento de ensino.

Um investigador da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) desenvolveu um modelo para “ajudar profissionais de saúde a cuidarem melhor de adolescentes com doença oncológica”, anunciou hoje aquele estabelecimento de ensino.

Criada por Manuel Henriques Gameiro, especialista em Enfermagem de Saúde da Criança e do Adolescente e professor daquela escola, a teoria torna “acessível um conjunto de elementos que facilitam a interpretação compreensiva dos adolescentes com cancro hematológico e, por consequência, intervenções mais esclarecidas ao nível dos cuidados”, afirma a ESEnfC.

O modelo teórico “compreensivo das experiências e processos adaptativos dos adolescentes com doença onco-hematológica durante o tratamento” deverá permitir a prestação de cuidados mais adequados aos doentes, prevê a ESEnfC numa nota enviada hoje à agência Lusa.

Fundamentada em dados que tiveram por base 27 testemunhos sobre as experiências de 23 adolescentes com leucemia ou linfoma, a teoria vai facilitar “uma maior compreensão empática dos adolescentes em situação e uma intervenção cuidativa mais esclarecida e efetiva, por parte dos enfermeiros, dos restantes profissionais envolvidos e, igualmente, dos pais”, acredita o investigador.

“Os testemunhos referem-se, sobretudo, às experiências vividas e aos processos de enfrentamento, ajustamento e adaptação à situação de doença e tratamentos”, refere Manuel Gameiro.

“Estes processos são fundamentais para manter a esperança e a disposição para “continuar a lutar” durante o longo e penoso tempo de tratamento”, sublinha o investigador, citado pela ESEnfC.

Cada adolescente experiencia a doença de modo diverso e desenvolve esforços de adaptação próprios e esta estratégia “pode ajudar a fazer previsões, não propriamente sobre a probabilidade estatística das ocorrências e situações”, mas sobre “o seu sentido e possibilidade humana”, sustenta o especialista.

Mas, adverte, é necessário “ter em conta cada ser humano como indivíduo”, isto é, “não dispensa a sua escuta e a interpretação da sua narrativa”.

Há, segundo Manuel Gameiro, “três movimentos adaptativos fundamentais, complementares e interativos” a que os adolescentes recorrem: ‘Esforços de autorregulação e ajustamento à situação de doença’, ‘Esforços para promover e manter um estado disposicional positivo’ e ‘Esforços para lidar com situações referenciais de sofrimento’.

A amostra do estudo envolveu 23 adolescentes, com idades compreendidas entre os 12 e os 19 anos, 17 dos quais referenciados no Serviço de Oncologia Pediátrica do Hospital Pediátrico de Coimbra.

A investigação de Manuel Gameiro conduziu à sua tese de doutoramento (‘Processos e experiências de transição adaptativa dos adolescentes com doença onco-hematológica durante o tratamento’), defendida em outubro deste ano, na Universidade de Lisboa.

De acordo com a ESEnfC, atualmente, mais de 85% dos adolescentes com este tipo de cancros sobrevivem.

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