5 Mai, 2023

Insuficiência cardíaca: “o maior desafio é travar o aumento da expressão da doença”

De acordo com a cardiologista Ana Teresa Timóteo, o maior desafio que a insuficiência cardíaca nos apresenta passa por tentar evitar a progressão da doença, que vai ter implicações económicas importantes para o Serviço Nacional de Saúde.

Para assinalar este Dia Europeu da Insuficiência Cardíaca, 5 de maio, o SaúdeOnline esteve à conversa com Ana Teresa Timóteo, cardiologista do Hospital de Santa Marta/Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central e professora de Cardiologia da NOVA Medical School, que se mostrou preocupada com o facto de a expressão da insuficiência cardíaca estar a aumentar.

“A insuficiência cardíaca tem um peso enorme no número de hospitalizações, que, em Portugal, é de 18 mil internamentos anuais. O maior desafio que esta doença nos coloca está relacionado com o aumento da prevalência dos fatores de risco cardiovasculares, que vão conduzir, juntamente com o envelhecimento da população, a uma subida substancial do número de doentes nos próximos anos e décadas”, afirma Ana Teresa Timóteo.

E desenvolve: “O maior desafio passa por tentarmos evitar esta progressão, que vai ter implicações económicas importantes, uma vez que as terapêuticas para a insuficiência cardíaca são bastante dispendiosas para o Serviço Nacional de Saúde.”

Tal como refere, não existem, em Portugal, dados atuais acerca da incidência e prevalência desta patologia. Contudo, está a decorrer o estudo nacional PORTHOS, que está a analisar a prevalência da insuficiência cardíaca no nosso país. “Os dados nacionais já têm mais de 20 anos, pelo que não são completamente fidedignos. Em outros países o percentual da doença está entre os 3 e os 4% da população total. Porém, por se tratar de uma doença que aumenta com a idade, nos grupos etários acima dos 70 anos pode atingir os 10%.”

Tal como observa, e como é sabido, a maior parte das formas de insuficiência cardíaca resultam de doenças cardíacas. No entanto, nos casos relacionados com outros fatores de risco, Ana Teresa Timóteo considera importante apostarmos na prevenção e no diagnóstico atempado. “Uma vez que acompanham os doentes ao longo da sua vida, os colegas de Medicina Geral e Familiar têm um papel fundamental na vigilância e identificação das situações que requerem tratamento hospitalar, cujos sintomas são o cansaço fácil, a falta de ar e o inchaço das pernas.” Não menos importante, tal como indica, é trabalharmos também na prevenção dos fatores de risco – hipertensão, diabetes, colesterol elevado, excesso de peso, obesidade e tabagismo.

Questionada se, em Portugal, os doentes com insuficiência cardíaca são bem tratados e seguidos, Ana Teresa Timóteo responde que “sim”. “Por vezes faltam recursos humanos, técnicos e instalações, como é o caso dos hospitais de dia, que nem sempre são fáceis de implementar em todas as instituições. Mas, da realidade que conheço, tem sido feito um esforço importante por parte dos vários hospitais, no sentido de dar a melhor acessibilidade a estes doentes.”

Texto: Sílvia Malheiro 

 

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