23 Set, 2023

Impacto da dor lombar é principal fator para adesão ao tratamento

Tomar ou não medicamentos para a dor nas costas depende mais do impacto sentido pelo doente do que dos conhecimentos em saúde, revela um estudo conduzido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), em que 84% dos doentes com dor lombar aderiam à medicação prescrita.

De acordo com um estudo realizado pela FMUP, e publicado na Family Medicine & Primary Care Review, a dor lombar, é altamente prevalente, estimando-se que afete cerca de 26,4% da população portuguesa de modo agud0, desaparecendo habitualmente entre seis a oito semanas depois.

Apesar do prognóstico ser na grande maioria das vezes bom, esta dor é capaz de provocar perda de mobilidade, de funcionalidade e até de qualidade de vida. A medicação capaz de aliviar e controlar os sintomas de dor inclui analgésicos e relaxantes musculares, mas segundo dados do estudo, “cerca de metade dos doentes não procura a ajuda de um médico”.

O estudo da FMUP consistiu num questionário a 249 participantes, entre os quais 41% reportaram a toma de medicação para a dor, sobretudo anti-inflamatórios não esteroides (85%). Do total, apenas 16,1% faziam fisioterapia e 24,1% decidiram recorrer a terapias alternativas. Já quanto aos doentes que utilizavam medicação, a adesão ao tratamento foi de 84,4%.

De entre todos os inquiridos no estudo, mais de metade havia sentido dor lombar no mês anterior. A maioria (63,1%) conseguia identificar um movimento ou posição que estaria na origem dessa dor, e cerca de 32% consideravam que a sua dor era grave/severa. Já 47,4% afirmaram que a dor tinha um impacto significativo nas suas atividades de vida diária, provocando “sérias limitações em 2,8%”.

Os autores do estudo, Ana Luísa Amorim e Paulo Santos, da FMUP/CINTESIS e Laboratório Associado RISE, explicam que “o principal fator associado à adesão à medicação foi o impacto da dor na vida diária, incluindo a duração e intensidade da dor. A perceção do impacto da dor é mais relevante para a toma da medicação do que a literacia ou as crenças individuais”. 

Segundo os investigadores, estes resultados podem ser explicados porque a medicação para a dor aguda apresenta um “benefício evidente para o doente, ao contrário do que acontece nas doenças crónicas, em que é necessário educar os doentes a propósito dos benefícios do tratamento ou em que existem crenças e receios sobre os potenciais efeitos secundários”.

No que diz respeito a uma doença aguda, e mais concretamente nesta em específico, o estudo apresentou a conclusão de que “o acesso ao tratamento adequado é mais relevante do que a educação contínua e a literacia, ainda que tenha de existir algum cuidado na extrapolação destes resultados para a população geral, pois estes participantes eram mais novos, tinham menos doenças associadas e tinham mais literacia em saúde”.

CG

Notícia relacionada

Investigadores do Porto criam biomaterial fetal injetável para tratar dor lombar

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais