Ignorar prazos de validade dos produtos aumenta desperdício alimentar
A maior parte dos portugueses ignora os prazos de validade dos produtos que compra, contribuindo para o desperdício alimentar, afirmou um responsável do setor, numa conferência que decorreu esta terça-feira, em Lisboa.
No âmbito do Dia Mundial da Alimentação, que se assinalou esta terça-feira, a Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA) organizou uma conferência sobre o tema, na qual o ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, garantiu que o combate ao desperdício alimentar será também uma prioridade no próximo ano.
Na conferência, Pedro Queiroz, diretor geral da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), disse que a informação que existe indica que apenas 20% a 30% dos portugueses vê o prazo de validade dos produtos na hora de os comprar, e que apenas 0,5% olha para a lista de ingredientes, no caso de ter uma preocupação específica.
Depois, acrescentou, a informação não é claramente percetível, entre o “consumir de preferência até” ou o “consumir até”, além de que “o fenómeno das promoções” tem ajudado ao desperdício alimentar, porque leva as pessoas a comprarem grandes quantidades de produtos, havendo mais probabilidade por isso de se gerar desperdício.
Mundialmente, um terço dos alimentos é perdido ou desperdiçado, lembrou o coordenador da CNCDA, Eduardo Diniz, referindo também que a produção alimentar tem de aumentar 70% nos próximos 30 anos para fazer face ao aumento da população mundial.
Graça Mariano, subdiretora-geral de Alimentação e Veterinária, que também pertence à CNCDA, lembrou ainda outros números, os 88 milhões de toneladas (20% do que é produzido) que são desperdiçados anualmente na União Europeia, o que representa 173 quilos por habitante, e o milhão de toneladas que em Portugal também é desperdiçado em cada ano, o que representa 96,8 quilos por pessoa.
A Comissão propôs 14 medidas contra o desperdício alimentar, com destaque para campanhas de informação, para formação e para mobilização, sendo exemplo uma campanha hoje mesmo lançada pela Direção-Geral do Consumidor como título “Poupe, diga não ao desperdício alimentar”.
Mas evitar o desperdício não é fácil, como ficou patente na conferência, com Susana Leite, pela Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal a admitir que não é fácil aos restaurantes preverem a quantidade de comida que vão servir. E Pedro Queiroz a adiantar outro dado: “as pessoas raramente veem as condições de utilização e conservação do que compram”.
O Ministério da Agricultura “está empenhado, em todos os seus serviços, na luta contra do desperdício alimentar”, disse no final Capoulas Santos, lembrando que o Ministério foi criado há 100 anos, precisamente “sob a égide da alimentação”.
LUSA