Santa Maria. Sistema de alerta ajuda a identificar doentes com uma FE abaixo dos 35%
Este sistema funciona através de uma aplicação informática, apenas disponível no Hospital de Santa Maria.
O laboratório de arritmologia invasiva do Hospital de Santa Maria desenvolveu um estudo com o objetivo de criar uma aplicação informática capaz de detetar o limite do risco dos doentes com Insuficiência Cardíaca.
O sistema, desenvolvido em 2017, chama-se Alerta FE<35%, criado para sinalizar e identificar doentes que se desloquem ao hospital, que realizem exames e a quem seja detetado uma fração de ejeção abaixo dos 35%. Assim que esse doente é identificado, soa um alerta nos computadores do serviço de cardiologia do hospital, que permite de forma imediata entrar em contacto com o doente ou até, se necessário, intervir de forma rápida para dar assistência.
No primeiro trimestre de 2017, foram detetados 337 doentes com fração de ejeção abaixo dos 35%. Destes, 258 eram possíveis candidatos a implantes de dispositivos cardíacos, com apenas 164 que já eram portadores. No final do estudo, o laboratório referenciou 94 doentes para a implantação de dispositivos.
No entanto, no decorrer do processo de criação da aplicação, 8,5% dos 94 doentes referenciados morreram antes de serem encaminhados para a lista:
- 37,5% por morte súbita;
- 25% por complicações relacionadas com insuficiência cardíaca;
- 50% por causas desconhecidas
Doentes com FE abaixo dos 35% correm maior risco de morte súbita
O coordenador do laboratório de arritmologia invasiva do Hospital de Santa Maria, João de Sousa, defende que estes dados “vieram reforçar a importância dos médicos e especialistas em referenciar os seus doentes.”
Em declarações ao Diário de Notícias, o cardiologista diz ainda que, para os doentes com insuficiência cardíaca, o risco de morte súbita “representa uma percentagem muito importante da mortalidade dos doentes.” Esta mortalidade “pode ser combatida através da aplicação de dois princípios: sinalizar e implantar“, acrescenta.
Segundo o cardiologista João de Sousa, vários estudos identificaram que são os doentes que têm a FE abaixo dos 35%, que correm um maior risco de sofrerem uma arritmia ou morte súbita. São também estes doentes aqueles em que os implantes médicos “podem ter uma melhor relação custo-eficácia“, realça o médico nas declarações feitas ao DN.
Uma vez soado o alarme, é necessário identificar quem é o doente, se é seguido por algum especialista e se já tem um dispositivo implantado. Caso o doente já esteja a ser acompanhado e já tenha um dispositivo, “está tudo bem”, uma vez que o dispositivo irá fazer o seu trabalho. No caso de o doente estar a ser seguido por um especialista mas não ter um implante, o protocolo a seguir é informar esse médico do risco existente e “equacionar a implementação do dispositivo”, refere o cardiologista. Caso o paciente não se enquadre em nenhum destes cenários, é o hospital que faz o contacto direto com o doente e sugere uma avaliação de cardiologia.
Atualmente, o Alerta FE<35% só está ativo no Hospital de Santa Maria.
AR/DN