19 Jan, 2021

Hospital de Cascais já não tem camas. “Nunca vi tantas pessoas morrerem num turno de 12 horas”

Hospital encontra-se com uma taxa de ocupação de 100% para doentes covid. O infecciologista Ricardo Baptista Leite relata situação dramática.

O Hospital de Cascais encontra-se com uma taxa de ocupação de 100% para doentes covid-19 em enfermaria e Unidade de Cuidados Intensivos, segundo dados divulgados hoje à agência Lusa pela unidade hospitalar.

De acordo com informações disponibilizadas por fonte do Hospital de Cascais (distrito de Lisboa) à Lusa, existem neste momento naquela unidade hospitalar 16 doentes infetados pelo novo coronavírus internados na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e 93 em enfermaria, o que corresponde a uma ocupação total.

A Lusa solicitou também um ponto de situação relativa à taxa de ocupação de camas para doentes ‘não covid-19’, mas até ao momento não obteve resposta.

No final de 12 horas de serviço de urgência como voluntário no Hospital de Cascais, o deputado e médico infecciologista Ricardo Baptista Leite publicou nas redes sociais um vídeo a descrever a realidade que se vive no hospital e a apelar ao cumprimento das medidas de confinamento.

“Vi uma colega médica a chorar depois de sair do covidário mais de 5 horas depois do término do seu turno. Física e psicologicamente esgotada. Cada vez que se estabiliza um doente, havia já mais 3 ou 4 doentes instáveis a entrar pela porta dentro. Vi uma enfermeira praticamente a não conseguir respirar ao tirar o fato de proteção depois de horas infindáveis junto dos doentes”, conta Ricardo Baptista Leite num post no Facebook.

“Ventilamos os doentes ali, em pleno serviço de urgência”, adianta. “O cenário é de catástrofe. Temos tantos doentes graves na casa dos 40, 50 e 60, muitos sem outras doenças, que simplesmente não podem morrer. Não podem! Assumem-se por isso prioridades”, descreve.

Fazem-se escolhas tão difíceis sobre quem tem maior probabilidade de morrer, faça-se o que se fizer. É devastador ver equipas de médicos forçados a escolher quem são os doentes com maior probabilidade de viver para os poder assumir como prioritários”, lamenta o deputado.


Nunca vi tantas pessoas morrerem num só turno de 12 horas“, diz ainda Ricardo Baptista Leite.

Várias unidades hospitalares do país têm dado conta nos últimos dias de uma situação de rutura nos serviços, devido à pressão de doentes internados com covid-19.

No sentido de dar resposta às necessidades, alguns hospitais estão a transferir doentes para outras unidades de saúde ou a aumentar o número de camas.

LUSA

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