Hospitais vão fazer caracterização de doentes por motivos sociais e clínicos

O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares revelou que irá ser realizada uma caracterização dos doentes internados nos hospitais, para calcular o tempo de internamento desnecessário e encontrar as melhores respostas na comunidade para os casos sociais. “Estamos a reabilitar um processo de revisão da utilização em que o objetivo é, para a grande maioria dos doentes que estão internados, fazer uma caracterização clara sobre quais são os que estão internados por motivações sociais ou por motivações clínicas”, explicou Alexandre Lourenço

O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares avançou que irá ser realizada uma caracterização dos doentes internados nos hospitais, para calcular o tempo de internamento desnecessário e encontrar as melhores respostas na comunidade para os casos sociais.

“Estamos a reabilitar um processo de revisão da utilização em que o objetivo é, para a grande maioria dos doentes que estão internados, fazer uma caracterização clara sobre quais são os que estão internados por motivações sociais ou por motivações clínicas”, explicou Alexandre Lourenço à agência Lusa.

Com este processo, pretende-se também calcular “o número de dias que os doentes estão nos hospitais sem necessidade”, “identificar situações e encontrar as melhores alternativas na comunidade, em conjunto com as famílias e com os doentes”, adiantou.

Os hospitais debatem-se com situações de doentes que têm de permanecer internados, após alta clínica, à espera de resposta da segurança social ou de outras soluções encontradas pela família.

Nestes casos, encontram-se situações de abandono, de idosos que vivem sozinhos e de doentes que requerem mais cuidados em casa, mas as famílias não têm capacidade para os prestar, contou o responsável.

Alexandre Lourenço realçou “o papel essencial” que as famílias desempenham nestes casos, mas reconheceu as dificuldades que muitas têm em organizar-se e a ter recursos para acolher, principalmente, os mais idosos, em casa, e prestar-lhes os melhores cuidados.

Mas, advertiu, “a hospitalização não é o caminho seguramente, porque prestamos maus cuidados e colocamos risco para o próprio doente”.

Relativamente ao levantamento a fazer, o presidente da associação disse que arrancará em 2017, com a preparação e a formação de médicos e administradores hospitalares nesta matéria.

“Tem de se fazer uma análise exaustiva de todos os processos”, a começar pelo processo de informação. A partir daí, as instituições que quiserem podem desenvolver este trabalho.

“Creio que o Ministério da Saúde também está muito interessado no desenvolvimento destes mecanismos”, disse, convicto de que o processo será facilmente espalhado a todas as instituições do Serviço Nacional de Saúde.

Este levantamento também é necessário para perceber se a forma como os cuidados estão a ser prestados e organizados podem ser alterados, para se conseguir “prestar cuidados de saúde com melhor qualidade e segurança aos doentes”.

“Existe um esforço muito grande dos assistentes sociais dos hospitais e da Segurança Social, mas não é suficiente e, com o envelhecimento da população e com o aumento da prevalência das doenças crónica, nós temos de encontrar alternativas a estas situações”, defendeu Alexandre Lourenço.

A resposta passa pelo “desenvolvimento do hospital”, através de parcerias com organizações da comunidade que possam prestar cuidados mais perto de casa.

Por outro lado, esta situação também tem custos: “Cerca de três a quatro dias de internamento nas áreas médicas é excessivo quando comparamos com outros países e o nosso objetivo é reduzir esses dias”, frisou.

Contudo, não se pode estar apenas preocupado com o custo, mas em utilizar os recursos da melhor forma.

“Muitos dos problemas que atravessamos hoje das urgências hospitalares é pelo facto de não conseguirmos trazer os doentes das urgências para os internamentos, porque eles também estão cheios por casos de natureza social”, elucidou.

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