10 Out, 2022

Helena Canhão. “Há um caminho a percorrer na valorização das doenças reumáticas”

A presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) pede que estas doenças sejam consideradas prioritárias nos cuidados de saúde primários e em termos de saúde pública. Em entrevista, Helena Canhão, fala ainda das expectativas para o XXIV Congresso Português de Reumatologia (que vai decorrer de 12 a 15 de outubro no Algarve), num ano em que a SPR completa 50 anos de atividade.

Quais as suas expectativas para o XXIV congresso português de Reumatologia?

O Congresso Português de Reumatologia é o ponto de encontro de eleição dos reumatologistas, internos de reumatologia, médicos de outras especialidades que acompanham doentes reumáticos, outros profissionais de saúde que lidam com doentes reumáticos, associações de doentes e doentes reumáticos. Neste ano em que comemoramos os 50 anos da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, esperamos um congresso muito participado, em que as atualizações em doenças reumáticas, estão a par da consolidação de conhecimentos já existentes e sobretudo de muita partilha.

Que temas destaca na edição deste ano? O que diferencia esta edição das anteriores?

Como já referi esta edição do congresso é especial, uma vez que estamos a comemorar os 50 anos da Sociedade Portuguesa de Reumatologia. É especial também, por o Congresso ter inicio a 12 de Outubro, o dia mundial das doenças reumáticas.

Começo por destacar os 2 cursos pré-congresso, um sobre vasculites e outro sobre ecografia músculo-esquelética. O congresso caracteriza-se também por ter sessões especiais dedicadas aos médicos de medicina geral e familiar, com workshops práticos sobre doenças reumáticas comuns. No programa do congresso há mesas redondas, debates, comunicações orais selecionadas entre as centenas de trabalhos submetidos, simpósios satélites suportados pela industria, apresentação de pósteres e muitos períodos para troca de conhecimentos e fortalecer relações. As mesas são dedicadas a doenças reumáticas com impacto como a artrite reumatoide, espondilartropatias, osteoporose, Lupus e ainda destaque para o Reuma.pt, o registo nacional de doentes reumáticos.

Este ano temos ainda eleições para a nova Direção da SPR. E no sábado, após o CPR, têm lugar as Jornadas da Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas.

Que desafios ainda há a ultrapassar no diagnóstico das doenças reumáticas por parte da MGF e referenciação, quando necessário, para a consulta hospitalar? Há um subdiagnóstico na MGF? É necessário sensibilizar mais os especialistas em MGF para estas doenças e para a necessidade de referenciação?

Apesar das doenças reumáticas serem muito frequentes, são muitas vezes subdiagnosticadas. A semiologia nem sempre facilita o diagnostico preciso da doença. Ainda é frequente ouvirmos diagnósticos como “reumatismo”, “doença autoimune” que são termos vagos e que não identificam a doenças especifica como por exemplo Artrite reumatoide, Osteoartrose das mãos, Lupus Eritematoso Sistémico, etc.

É muito importante que a doença seja diagnosticada corretamente, para se proceder ao seu adequado seguimento e plano terapêutico.

Frequentemente as doenças reumáticas manifestam-se com dor, tumefação, alteração da mobilidade articular, incapacidade. Mas há que olhar para o ritmo da dor, a topografia das articulações envolvidas, sintomas e sinais extra-articulares, para se identificar a patologia especifica que afeta o doente. Além do diagnóstico correto, há também um caminho ainda a percorrer na adequada valorização das doenças reumáticas.

O impacto nos doentes é profundo. Ainda que não sejam doenças consideradas mortais, são doenças crónicas, progressivas e incapacitantes, com impacto em varias dimensões da vida dos doentes e impacto na sua qualidade de vida. Também em termos sociais, são doenças que acarretam carga e custos significativos. É por isso urgente que estas doenças sejam consideradas prioritárias nos cuidados de saúde primários e em termos de saúde pública.

SO

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