6 Mar, 2020

Governo afasta responsável pelo SNS 24. Orçamento teve corte de 14 milhões em dois anos

"Não se fazem omeletes sem ovos", diz Henrique Martins, que diz que o orçamento dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde teve um corte de 14 milhões em dois anos.

Governo afasta responsável pelo SNS 24. Orçamento teve corte de 14 milhões em dois anos

O Governo afastou Henrique Martins, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), a entidade responsável pela Linha SNS24 – numa altura em foi noticiado que a linha foi incapaz de gerir o aumento do volume de chamadas relacionadas com a crise do coronavírus.

Henrique Martins admite que “foi apanhado de surpresa” pela decisão de não recondução no cargo de presidente dos SPMS, que lhe foi comunicada na noite de quarta-feira pela secretária de Estado da Saúde, Jamila Madeira. Além de Henrique Martins, saem os vogais Artur Mimoso e João Martins.

A comissão de serviço tinha terminado no dia 31 de dezembro de 2019, mas Henrique Martins, que ocupava o cargo desde abril de 2013, continuou em funções até quarta-feira. Poderia ter continuado a exercer o cargo, uma vez que o limite são três mandatos, cada um com a duração de três anos.

Embora o governo não o diga publicamente, o afastamento de Martins estará relacionado com a falta de capacidade de resposta da linha SNS24 ao aumento exponencial de chamadas relacionadas com o coronavírus. Só na segunda-feira, o dia mais crítico, em que foram conhecidos os primeiros casos de Covid-19 em Portugal, a linha deixou sem resposta mais de 3 mil pessoas, ou seja, mais de um quarto dos chamadas.

Perante isto, o agora ex-presidente dos SPMS acusa o Ministério da Saúde não ter dotado orçamento suficiente à SPMS. “Houve uma redução do orçamento”, explica o antigo presidente. “Só houve chamadas que não foram atendidas porque não houve capacidade de as atender“, garante. Henrique Martins sublinha que esta situação não se deve a “desorganização”. “[A Linha SNS24] sempre funcionou bem, mas não se fazem omeletes sem ovos.”

Os SPMS têm menos 9 milhões de euros este ano (76,3 milhões) em comparação com 2019. E, se tivermos em conta o orçamento de 2018, o corte é superior a 14 milhões de euros.

Para o lugar de Henrique Martins, o governo já nomeou entretanto o ex-secretário de Estado Goes Pinheiro, que saiu do governo em outubro de 2019 e que já começou a exercer funções esta quinta-feira. Com Pinheiro entram também dois vogais: Sandra Cavaca, que era secretária-geral do Ministério da Saúde, e Domingos Pereira, que ocupava o cargo de diretor de Sistemas e Tecnologias Informação no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho.

TC/SO

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