Obstetrícia-Ginecologia. As expectativas dos médicos internos sobre o Internato e a carreira futura
Coordenadora da PoNTOG

Obstetrícia-Ginecologia. As expectativas dos médicos internos sobre o Internato e a carreira futura

No âmbito do 23º Congresso de Obstetrícia e Ginecologia, a PoNTOG (The Portuguese Network of Trainees in Obstetrics and Gynaecology) foi convidada a retratar a realidade vivenciada pelos Médicos Internos de Ginecologia e Obstetrícia no que concerne às suas expectativas sobre o atual Internato Específico da Especialidade, assim como sobre a sua carreira futura.

Nesse sentido, foi aplicado um questionário de preenchimento anónimo, destinado a todos os Internos de Ginecologia e Obstetrícia, entre julho e setembro de 2023. O questionário abrangeu três domínios centrais: Formação durante o Internato em Ginecologia e Obstetrícia; Novo Programa Curricular e Trabalho Suplementar e Carreira futura na Área da Ginecologia e Obstetrícia.

Foram obtidas 116 respostas, o que corresponde a 37,4% da população de Médicos Internos de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia em Portugal. A distribuição dos inquiridos foi uniforme quanto à localização geográfica e ano de Internato: 37% provenientes do Norte, 28% do Sul, 26% do Centro e 9% das Ilhas; 33% dos 1.º e 2.º anos de Internato, 36% dos 3.º e 4.º anos e 31% dos 5.º e 6.º anos.

Relativamente ao novo Programa Curricular de Formação Específica de Ginecologia e Obstetrícia, que entrou em vigor em 2021 [Portaria nº 244/2021. Diário da República, 1ª série, 217 (novembro)], a maioria dos inquiridos (94%) concordou com umas das atualizações mais relevantes face ao anterior Programa Curricular: o prolongamento do tempo destinado à realização de Estágios Opcionais que transitou de 6 para 12 meses.

Os Internos referiram algumas dificuldades no cumprimento do número de atos técnicos cirúrgicos contemplados no novo Programa Curricular e 97% dos inquiridos criticaram a ausência de tempo no horário destinado a estudo autónomo e investigação. Adicionalmente, foram unânimes quanto à importância de serem criados apoios monetários à realização de cursos contemplados como obrigatórios no Programa Curricular, atualmente suportados na totalidade pelos Internos.

Quanto ao Trabalho Suplementar, 33% dos inquiridos referiram realizar mais de 20 horas de atividade assistencial suplementar por semana e 58% dos Internos reportaram dedicar mais de 24 horas por semana ao Serviço de Urgência, com inevitável prejuízo da sua formação e em incumprimento do Regulamento do Internato Médico [Portaria 79/2018. Diário da República, 1ª série, 54 (março)].

Por fim, quanto à perspetiva dos Internos relativamente à sua carreira futura na área da Ginecologia e Obstetrícia, apenas 25% dos Internos declarou não considerar rescindir contrato com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) no final do Internato, atendendo às condições laborais oferecidas atualmente. A maioria dos inquiridos referiu serem fatores essenciais à promoção da fixação de Especialistas no SNS a melhoria da remuneração base, a limitação ao número máximo de horas previstas em contexto de Serviço de Urgência ao número máximo de horas previstas e a redução da carga horária semanal para as 35 horas.

Coautores: Miguel Penas da Costa, Marta Plancha Santos, Kristina Hundarova, TIago Meneses Alves

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