19 Jan, 2022

Ficaram por preencher metade das vagas para médico de família em Lisboa e Vale do Tejo

A nível nacional, um terço das vagas voltaram a ficar vazias. No entanto, administrações regionais de saúde vão poder abrir concursos para preencher os lugares em falta.

Não parece ter fim à vista o crónico problema da falta de médicos de família, e que é mais evidente na região de Lisboa e Vale do Tejo, que concentra mais de dois terços dos utentes a descoberto a nível nacional.

No último concurso para colocação de médicos de família, o segundo de 2021, um terço das vagas não registaram candidatos a nível nacional. Das 235 vagas a concurso, só foram preenchidas 160. Em LVT, uma região particularmente carenciada, o cenário foi ainda pior: metade das vagas ficaram por ocupar, isto, é 34 em 66 disponíveis.

Situação bem diferente registou-se no Norte, região que, para além de ter a melhor cobertura a nível nacional (com mais de 97% dos utentes com médico atribuído), continua a atrair muitos recém-especialistas. Neste concurso, apenas 5 das 103 vagas ficaram por ocupar. No extremo oposto está o Alentejo, onde só dois médicos se candidataram aos 16 lugares disponíveis.

O Ministério da Saúde diz que os 160 médicos recém-colocados permitirão dar médico de família a mais 300 mil pessoas. No entanto, em comunicado, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) alerta que, na verdade, os 160 novos médicos não ficaram todos a trabalhar nos Cuidados de Saúde Primários, uma vez que muitos “denunciarão os contratos durante o período experimental face às condições de trabalho com que serão confrontados”.

O ministério, liderado por Marta Temido, lembra que disponibilizou um número de vagas superior ao total de médicos que concluem a especialidade (91), à semelhança do que aconteceu nos últimos concursos. No entanto, a taxa de ocupação de vagas tem vindo a baixar. O cenário que se verificou no mais recente concurso para colocação de médicos de família (com 32% dos lugares por preencher) repete o que já tinha acontecido no primeiro concurso de 2021, cujos resultados foram conhecidos em agosto, e que terminou com 36% das vagas desertas.

Uma tendência que o Ministério tenta agora contrariar com uma novidade: as administrações regionais de saúde poderão agora abrir novos concursos para preencher as vagas que não foram escolhidas, ao mesmo tempo que as unidades locais de saúde vão ter autorização para recrutar profissionais.

A cada vez menor atratividade da carreira de MGF no SNS prende-se, segundo o SIM, com uma remuneração não compatível com o nível de formação e responsabilidade (1744 euros mensais), listas de utentes sobredimensionadas, ausência de normas de organização do trabalho médico, trabalho burocratizado e centrado em dezenas de indicadores ou a degradação das instalações e equipamentos.

No final de dezembro, 10,8% das 10,4 milhões de pessoas inscritas nos centros de saúde não tinham médico de família, ou seja, mais de 1 milhão e cem mil pessoas. A região de LVT concentra mais de dois terços (69%) dos utentes sem médico de família – são agora 783 mil pessoas.

SO/LUSA

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