29 Set, 2023

Falta de técnicos de saúde ambiental no SNS põe em causa a saúde pública

O número recomendado de técnicos de saúde ambiental é de 1 por cada 15 mil habitantes, esclarece a legislação que regula os serviços de saúde pública. Porém, no que diz respeito a estes profissionais em Portugal existe um défice que ronda os 40% e a tendência é para que esta situação se agrave, revela informação divulgada em comunicado de imprensa.

Nos Agrupamentos de Centros de Saúde e nas Unidades Locais de Saúde, o défice de 40% de técnicos de saúde ambiental faz com que a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) saia fragilizada em relação às necessidades da população. Já a tendência para o agravamento explica-se através da idade média e do envelhecimento dos profissionais em serviço.

De acordo com o comunicado enviado pelo Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (STSS) e pela Associação Portuguesa de Saúde Ambiental (APSAI), “a falta de técnicos de saúde ambiental pode representar vários riscos para a saúde humana”.

As entidades explicam: “entre muitas áreas de atuação, estes profissionais desempenham um papel crucial na identificação e controle de vetores de doenças, são responsáveis pela vigilância de instalações que manipulam alimentos, garantindo a segurança alimentar e têm uma intervenção preponderante na inspeção de sistemas de água suscetíveis à colonização pela bactéria Legionella e na vigilância da qualidade da água de consumo humano e recreativa”.

Segundo dados fornecidos pela APSAI, “nas cinco regiões de saúde de Portugal Continental existem apenas 409 Técnicos de Saúde Ambiental nos mapas de pessoal afetos às Unidades de Saúde Pública, verificando-se um défice de cerca de 40% destes profissionais. É na Região de Saúde do Norte que a situação se torna mais crítica, com uma carência de 46,5% em relação ao rácio definido. A Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo também enfrenta um défice substancial que representa uma lacuna de 43%”.

O STSS afirma que este cenário de insuficiências é “agravado pela idade média dos profissionais em serviço (46 anos a nível nacional)”. Na zona centro, esta média aumenta para 52 anos, o que indica “um envelhecimento da força de trabalho que se torna preocupante”, dado que no exercício das suas funções estes profissionais realizam “vistorias, colheitas, inquéritos epidemiológicos e inspeções, onde enfrentam vários riscos para a sua saúde e segurança”.

A APSAI e o STSS revelam que o facto de existirem menos profissionais deste cariz do que o recomendado pode trazer “consequências graves para a saúde das populações ao diminuir as ações de prevenção de surtos de toxinfeções alimentares, de doença do legionário, de doenças transmitidas pela ingestão de água imprópria para consumo ou pela utilização de piscinas e do surgimento de casos de doenças transmitidas pelos mosquitos Aedes albopictus, (…) vetor do vírus do Dengue, Zika e Chikungunya”.

Assim, o sindicato e a associação concluem que é “urgente a necessidade de recrutamento de novos profissionais para garantir a continuidade e a eficácia das áreas funcionais de saúde ambiental das unidades de saúde pública”.

CG

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