23 Nov, 2023

Estudo internacional desenvolve equações que podem ajudar no diagnóstico precoce da diabetes

Um estudo internacional publicado na Nature Medicine, que incluiu dois investigadores portugueses da Universidade de Coimbra, desenvolveu equações capazes de prever e ajudar no diagnóstico precoce e mais preciso da diabetes.

Aristides Machado-Rodrigues, investigador do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e Luísa Macieira, docente da Faculdade de Medicina da UC (FMUC) foram os dois investigadores que participarem neste estudo sobre a diabetes, do qual resultou um artigo científico.

De acordo com o comunicado divulgado pela UC, “este artigo científico vem mostrar que a utilização de um único bio marcador no rastreio da diabetes, a glicose em jejum, subestima o seu impacto na saúde das nossas populações”.

Sendo a diabetes uma doença crónica suscetível de causar complicações de natureza cardio-metabólica, o diagnóstico precoce pode ser capaz de proporcionar um tratamento menos invasivo, bem como de evitar o desenvolvimento ou agravamento da patologia.

Tendo em conta que ambos os marcadores de rastreio, glicose em jejum e a hemoglobina glicada (HbA1c), são preditores do risco de diversas complicações de saúde e da mortalidade, Aristides Machado-Rodrigues afirma que “a confiança em apenas um bio marcador pode subestimar ou atrasar o diagnóstico da diabetes em algumas populações e, consequentemente, aumentar o risco das complicações de natureza metabólica e cardiovascular”.

“Os dados da presente investigação mostram que este assunto é especialmente relevante em países de estatuto socioeconómico baixo e médio, onde as dificuldades de recursos tornam a glicose em jejum como a metodologia mais comum de diagnóstico, possivelmente porque a avaliação da hemoglobina glicada nos remete para equipamentos e reagentes mais dispendiosos e, até, porque a normalização do processo laboratorial da HbA1c requer técnicos especializados e nem sempre estão amplamente disponíveis”, transmite ainda o investigador.

Já Luísa Macieira, salienta o facto de “cerca de 12% dos participantes terem diagnóstico prévio de diabetes ou este ter ocorrido durante os estudos, demonstrando assim a dimensão do problema à escala global com impacto aos mais diversos níveis, desde o individual, ao familiar, social, político e económico entre outros”. Adicionalmente, foi constatado que “um índice de massa corporal (IMC) aumentado está ligado ao diagnóstico prévio de diabetes e àqueles que foram diagnosticados com diabetes durante os estudos”, refere a docente.

Os investigadores dão ainda destaque à necessidade de rastreios com início ainda em idade pediátrica, sobretudo em pessoas de risco (IMC e perímetro da cintura aumentados, bem como a massa gorda aumentada), o que permite a deteção precoce da diabetes “que pode estar presente no indivíduo durante longo período antes de ser diagnosticado”, pode ler-se em comunicado.

A investigação foi realizada por um consórcio liderado pelo Imperial College London e envolveu cerca de 400 investigadores. Estiveram em análise “dados de 2000 a 2021 relativos ao diagnóstico da diabetes de 117 estudos internacionais, correspondendo a 601.307 adultos (56% mulheres), com uma idade média de 50 anos, dos quais 327.554 possuíam dados completos da glicose em jejum e da HbA1c”.

CG

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