5 Abr, 2022

Esclerose múltipla. Estudo da Universidade de Coimbra permite avanço no diagnóstico

Estudo “mostra que é possível classificar um doente com esclerose múltipla com 80% de certeza, avaliando um conjunto de oito proteínas específicas”, diz Carlos Duarte, investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular.

Um estudo da Universidade de Coimbra (UC) possibilitou um avanço no diagnóstico da esclerose múltipla e mostrou que é possível classificar uma pessoa com esta doença com 80% de certeza, a partir de oito proteínas específicas.

O estudo liderado pelo investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da UC Carlos Duarte “mostra que é possível classificar um doente com esclerose múltipla com 80% de certeza, avaliando um conjunto de oito proteínas específicas”, afirmou a universidade, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

Segundo a nota de imprensa, numa primeira fase de investigação, em contexto laboratorial, “foi identificado um grupo de proteínas que permitiu distinguir corretamente 80-90% das amostras de doentes” com esclerose múltipla.

“Posteriormente, após uma análise estatística exaustiva, oito proteínas obtiveram lugar de destaque, uma vez que, quando avaliadas em conjunto, permitiram classificar e categorizar com 80% de confiança os doentes com esclerose múltipla. Estas oito proteínas definem agora um novo painel de biomarcadores”, explicaram Carlos Duarte, coordenador do estudo, e Ivan Salazar, primeiro autor do estudo, citados na nota da UC.

Para o estudo, foram utilizadas amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR) de doentes com esclerose múltipla e de doentes com outras doenças inflamatórias do sistema.

Este líquido, presente entre o crânio e o cérebro e também na medula espinhal, contém um grande número de moléculas produzidas, libertadas e processadas a partir do sistema nervoso central, o que o torna numa “janela única para o estudo de doenças do sistema nervoso”, como é o caso da esclerose múltipla, aclarou a Universidade de Coimbra.

Os resultados, publicados na revista científica Journal of Neuroinflammation, “constituem um avanço significativo para o desenvolvimento de novas estratégias de diagnóstico, ou prognóstico, para a esclerose múltipla”, realçaram os investigadores.

“Além do mais, contribuem também para a avaliação de novas estratégias terapêuticas para esta doença”, acrescentaram.

A descoberta, fruto de cerca de 15 anos de investigação na área dos biomarcadores, decorreu numa estreia colaboração entre o CNC, o Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), o departamento de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e ainda o laboratório de Neurobiologia Molecular do I3S (Universidade do Porto), salientou a UC.

Segundo a Universidade de Coimbra, a esclerose múltipla, uma doença inflamatória e degenerativa que afeta o sistema nervoso central, “é difícil de diagnosticar, devido à diversidade de sintomas, semelhança com outras doenças inflamatórias do SNC e ausência de indicadores específicos para a doença, ou seja, de um método de diagnóstico específico”.

Em Portugal, estima-se que a doença afete mais de oito mil pessoas.

LUSA

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