24 Ago, 2022

Enfermeiros do Algarve “não aguentam mais” e demissões sucedem-se

A falta de enfermeiros obriga os profissionais que se mantêm no hospitais da região a fazerem centenas de horas extraordinárias. Muitos acabam por sair do SNS.

A falta de enfermeiros é transversal a todo o país  – a Ordem dos Enfermeiros estima que sejam necessários mais 30 mil profissionais – mas faz-se sentir com particular intensidade no Algarve, onde o número de profissionais está muito abaixo do que seria necessário. Os enfermeiros que ficam a trabalhar nos hospitais públicos da região são, assim, obrigados a realizar mais horas extraordinárias para manter o funcionamento regular dos serviços.

Muitos denunciam a sobrecarga de trabalho a que estão sujeitos e acabam por sair do SNS. No Hospital de Portimão, já saíram 11 enfermeiros do Serviço de Urgência desde o início do ano, avança o Diário de Notícias. Em resultado da falta de recursos humanos, os enfermeiros deste serviço fizeram quase 1700 horas extraordinárias só em julho, segundo dados do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). Uma situação que se agrava nos meses de verão, quando muitos profissionais gozam férias e numa altura em que a afluência aos hospitais da região dispara.

Já no Serviço de Urgência do Hospital de Faro, o maior do Algarve, demitiram-se sete enfermeiros só durante o mês de julho. “Disseram-nos que não aguentavam mais” ou que “querem outra vida”, explica Nuno Manjua, dirigente regional do SEP. A sobrecarga horária, a falta de valorização do trabalho dos enfermeiros ou a falta de estabilidade nas escalas empurram muitos profissionais para fora do SNS.

“Há colegas que nos dizem que um dia têm um chefe a ligar-lhes e a dizer que afinal não pode folgar, como estava na escala. Isto não é discutido, é imposto, como se os profissionais não tivessem vida pessoal”, denuncia. A constante saída de profissionais obriga a uma grande rotatividade de enfermeiros, o que retira estabilidade às equipas. “Há colegas que são contratados fazem um turno e vão-se embora”, diz Nuno Manjua.

O SEP estima que, no Algarve, faltam cerca de 500 profissionais, 350 no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e 150 nos cuidados primários.

SO

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