5 Set, 2018

Empreendedores têm níveis de bem estar superiores ao dos trabalhadores por conta de outrem

Os trabalhadores que gerem o seu próprio negócio, ou empreendedores, beneficiam de níveis de bem estar superiores aos dos trabalhadores por conta de outrem e atribuem mais significado ao trabalho que fazem, segundo um estudo realizado em 16 países europeus.

“Verificámos que em todos os 16 países, em média, os empreendedores apresentam níveis superiores de vitalidade, ou seja, com mais frequência dizem que se sentem positivamente energizados, cognitivamente mais ativados quando comparados com os trabalhadores por conta de outrem”, explica a professora do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) Susana Tavares, que coordenou o estudo que envolveu mais de 22 mil pessoas, citada pelo jornal Público.

Segundo Susana Tavares, a diferença na vitalidade dos empreendedores, que, em média, é superior à dos trabalhadores por conta de outrem, é explicada pelo significado que atribuem ao trabalho que executam. “O facto de os empreendedores se sentirem mais energéticos tem a ver com o facto de sentirem e considerarem que o trabalho que fazem lhes dá sentido à vida e que tem mais significado para eles”, justificou.

O estudo vem demonstrar que “uma cultura favorável ao empreendedorismo aproxima empreendedores e trabalhadores por conta de outrem, sendo benéfica sobretudo para os trabalhadores por conta de outrem no que ao sentido atribuído ao trabalho diz respeito”, afirma Susana Tavares.

 

Cultura de empreendedor

 

Em muitos países europeus, não ser empreendedor é uma decisão encarada como uma opção e não como uma inevitabilidade. “Nos países em que a opção de ter uma carreira independente não é socialmente aceitável, nesses países ser trabalhador por conta de outrem é uma inevitabilidade. Em países que ser empreendedor é uma boa opção de carreira, ser trabalhador por conta de outra é uma opção. Como é uma escolha activa, as pessoas atribuem mais sentido à atividade que têm”.

Em Portugal, 67,5% dos inquiridos consideram que ter um negócio é uma boa opção de carreira – um valor semelhante ao dos restantes países do sul da europa. Já a Holanda é o país mais aberto ao empreendedorismo, segundo este estudo, com 85,4% das pessoas a partilharem da mesma opinião.

A investigação aponta para a necessidade de “os atores políticos dos países europeus promoverem ativamente uma imagem positiva da atividade empreendedora, porque esta pode ser uma base importante de influência social para atribuição de sentido e significado ao trabalho que as pessoas executam”, tanto para os empreendedores como para os trabalhadores por conta de outrem.

Para além de Portugal e Holanda, este estudo chegou ainda à Bélgica, Alemanha, Grécia, Espanha, França, Irlanda, Letónia, Hungria, Roménia, Eslovénia, Finlândia, Suécia, e Reino Unido. As conclusões foram apresentadas ontem na 13.ª conferência da Academia Europeia da Psicologia da Saúde, que se realiza no ISCTE e que prossegue esta quinta-feira com a apresentação de um trabalho coordenado pela também professora do ISCTE Sara Ramos sobre a evolução da saúde dos trabalhadores e sobre a perceção que estes têm dos efeitos do trabalho nas doenças.

Saúde Online / LUSA

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