5 Jul, 2024

Diretora-geral da Saúde considera medidas na saúde mental e obesidade insuficientes

A diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, afirmou que o país continua a "não fazer o suficiente" na implementação de medidas no âmbito da saúde mental, mas também da qualidade de vida associada à longevidade e obesidade.

“Continuamos ainda a não fazer aquilo que é suficiente no âmbito da saúde mental”, afirmou Rita Sá Machado, durante o Encontro de Ciência, no Porto. Numa sessão plenária dedicada às doenças e terapias do futuro, a diretora-geral da Saúde destacou que a própria pandemia revelou a necessidade de, além de uma boa saúde física, “conseguirmos ser mais resilientes e mais fortes”.

Para tal, defendeu, é necessário “preparar o futuro no início da vida”. “Na Direção-Geral de Saúde (DGS) para além de nos preocuparmos com doenças, preocupamo-nos sobretudo com a saúde”, observou, apontando também como insuficientes as medidas implementadas ao nível da qualidade de vida e longevidade.

“A verdade é que aumentamos a nossa longevidade e ainda não fomos capazes de melhorar a qualidade. E não fomos capazes por variadíssimas razões (…) porque ainda não conseguimos implementar políticas que vão a 10 anos e não a quatro anos, que não seguem ciclos eleitorais”, referiu.

Rita Sá Machado defendeu, por isso, a necessidade de se traduzir rapidamente a inovação cientifica em “políticas para a população”.

À saúde mental e qualidade de vida, a regente somou ainda o excesso de peso e obesidade, doenças que preocupa e as quais considerou “o elefante na sala”. “Continuamos a falar deste elefante que está na sala, mas uma vez mais ainda não estamos a fazer o suficiente”, observou.

Destacando a implementação de estratégias como a redução do teor de sal no pão ou das imposições a bebidas açucaradas, Rita Sá Machado afirmou, no entanto, existir um “largo espetro para conseguir fazer algo” nestas doenças. “Não é normal e não pode ser normal nas nossas sociedades que mais de 50% das nossas crianças e adultos tenham excesso de peso ou obesidade. Não pode ser. Isto porque a obesidade, para além de ser considerada doença, também é um fator de risco para outras doenças”, acrescentou.

Sobre esta matéria, também o presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), Henrique Barros, que moderou o painel, destacou que Portugal é um dos países com menor percentagem de investimento na prevenção da obesidade.

Além disso, a diretora-geral da Saúde defendeu ainda que o país precisa de um plano de preparação e resposta para emergências em saúde pública “mais lato” para que todos estejam mais preparados de futuro.

“Temos de ter um plano de preparação e respostas para emergências em saúde pública a nível nacional que seja suficientemente lato para nos permitir também ter uma cadeia de comando e controlo, para que todos saibamos o que fazer, ter as nossas matrizes de responsabilidade e, sobretudo, estarmos mais preparados para aquilo que é o futuro”, afirmou Rita Sá Machado.

Rita Sá Machado defendeu que “para falar dos desafios do futuro é necessária preparação”. “Sabíamos que viria uma pandemia, não sabíamos quando, nem exatamente o que ia ser. Sabíamos que possivelmente era respiratório, um vírus, mas não sabíamos o que era. (…) A verdade é que o nosso nível de preparação foi um nível de preparação escasso, que não envolveu todos os setores, foi concentrado mais em algumas áreas da saúde”, notou.

Além de preparação para eventuais emergências, a diretora-geral de Saúde alertou para a atual crise climática que potencia o aparecimento de outras crises, como a disseminação de doenças infecciosas. “Estamos a tentar atrasar, mas não vamos conseguir evitar ter essas doenças cá [em Portugal]”, referiu.

Questionada pela plateia de como seria possível minimizar o impacto do surgimento dessas doenças ou ameaças face à crescente mobilidade da população, a diretora-geral da Saúde afirmou que o regulamento sanitário internacional foi alterado por forma a integrar a “lição aprendida da covid-19”, mas que também na DGS esta matéria é acompanhada de forma individual, populacional e de vigilância.

 

LUSA

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