24 Set, 2019

Despesa com horas extra no SNS dispara com regresso das 35 horas

Recurso a trabalho suplementar e a médicos tarefeiros bateu novos recordes em 2018. Impacto da passagem para as 35 horas sente-se, sobretudo, nos enfermeiros.

Era um cenário anunciado desde que, em julho do ano passado, foram respostas as 35 horas semanais para os trabalhadores da Saúde. Em 2018, o trabalho suplementar aumentou 11%, atingindo o valor mais elevado de sempre, segundo revela o relatório social do Ministério da Saúde e do SNS, citado hoje pelo jornal i.

No ano passado, foram registados mais de 13 milhões de horas extra, que custaram 263 milhões de euros aos cofres públicos. Os enfermeiros são o grupo profissional que mais fizeram horas extraordinárias: mais de 683 mil horas em 2018.

Também a despesa com médicos tarefeiros, que trabalham, sobretudo, no serviço de urgência, aumentou para 105 milhões de euros, o que representa um aumento de 7,3% face a 2017.

O agravamento destes dois indicadores acontece ao mesmo tempo que aumenta o número de trabalhadores do SNS. Só em 2018, entraram nos hospitais e centros de saúde mais 1373 enfermeiros. Contudo, isto não impediu que cada profissional tivesse feito uma média de 115 horas anuais de trabalho suplementar. E, sublinha o Sindicato dos Enfermeiros, há muitas horas extra que nem sequer são contabilizadas.

Se no caso dos enfermeiros, o aumento de horas extras no ano passado rondou os 27%, também noutras classes profissionais o cenário foi o mesmo: mais 12% entre os técnicos de diagnóstico e terapêutica (média de 230 horas extra); mais 4% entre os técnicos superiores de saúde (média de 212 horas extra); mais 2% entre os médicos.

No caso dos médicos, há especialistas que têm uma sobrecarga de trabalho suplementar que se destaca. Os anestesiologistas, por exemplo, trabalham, em média, mais 460 horas por ano para além do horário normal, quando a média ronda as 300. O volume de horas extra e de serviços prestados pelos médicos tarefeiros representam, neste momento, o trabalho de entre 4 a 5 mil médicos, o que tem motivado críticas do bastonário Miguel Guimarães.

TC/SO

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