5 Mar, 2020

Covid-19: Linha SNS24 não atendeu um quarto das chamadas em dia com recorde da procura

Mais de 3500 chamadas não foram atendidas e linha de apoio ao médico também deixa clínicos sem resposta horas a fio.

A Linha SNS24 atingiu um máximo histórico de procura na última segunda-feira, 2 de março, dia em que foram diagnosticados os primeiros casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal. Mas, como notícia hoje o jornal PÚBLICO, a primeira linha de contacto que serve para os cidadãos esclarecerem dúvidas e não irem a correr para as urgências não conseguiu atender mais de um quarto das chamadas em tempo útil, a crer nos dados do Portal da Transparência do SNS.

No dia 2, do total de 13.532 chamadas para o serviço, 3569 foram “abandonadas após 15 segundos”, o que significa que as pessoas desistiram de esperar pelo atendimento.

O jornal também dá nota de que a linha telefónica criada para orientar os médicos de todo o país para validação de eventuais casos suspeitos, a chamada Linha de Apoio ao Médico (LAM) também tem registado problemas. Há médicos a denunciar que aguardam várias horas para serem atendidos, sem sucesso, há outros que insistem dezenas de vezes, sem resposta, há doentes que se cansam e se vão embora, relata ao diário o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, que está a colecionar e-mails de colegas “desesperados com o silêncio da linha”. Esta “funciona tão bem que desde ontem (24 horas) aguardo o contacto para a orientação de dois casos suspeitos e já liguei hoje. Enfim, tudo controlado”, queixava-se esta semana um responsável de uma unidade de saúde familiar do Porto.

“É de lamentar que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) tenha como primeira linha de vigilância epidemiológica um call center”, critica Roque da Cunha, insistindo que deveriam ser médicos de Saúde Pública a “estar na frente desta batalha em vez de estarem imersos em burocracia” e o facto de haver tantos telefonemas que ficaram por atender na segunda-feira.

O periódico refere que os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), que gere a SNS24 (808 24 24 24), garante que, em média, esta atende mais de 90% das chamadas em menos de 20 segundos, mas admite que há alturas do dia em que, devido aos picos de afluência, o tempo de espera possa ser superior. E adianta apenas que na segunda-feira houve uma “maior procura”, sem mais detalhes.

Sem forma de dar resposta a tanta procura, na semana passada a Administração Regional e Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) pedia, com “urgência”, aos responsáveis dos vários agrupamentos de centros de saúde (ACES) que ajudassem a recrutar mais médicos para a LAM e mais enfermeiros para a SNS24, refere um ofício a que o SIM teve acesso. Outra nota, esta enviada pelo ACES de Lisboa Central, especificava que a ARS-LVT pedia a ajuda para a constituição de um grupo de médicos que assegurasse dois turnos diários logo no dia seguinte. E estes podiam ser mesmo médicos internos (os que estão ainda a fazer a especialidade) do 4.º ano, admitia.

RV/SO

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