21 Dez, 2020

Covid-19. 16% dos doentes só manifestam sintomas gastrointestinais

Mais de metade dos doentes têm manifestações gastrointestinais antes dos sintomas habituais, o que pode dificultar o diagnóstico. Um terço dos doentes apresentam sintomas neurológicos.

Uma meta-análise realizada por investigadores da Universidade de Alberta, no Canadá, que consistiu na revisão de 36 estudos, apurou que 16% dos pacientes infetados com o novo coronavírus podem manifestar apenas sinais gastrointestinais.

Entre os sintomas estão as náuseas, falta de apetite, diarreia, vómitos e dor abdominal.

“Há uma quantidade crescente de literatura que aponta que a sintomatologia abdominal é um indicador comum de Covid-19″, afirma Mitch Wilson, radiologista e professor clínico da Faculdade de Medicina e Odontologia da Universidade de Alberta.

Contudo, quando as pessoas apresentam sintomas intestinais, não há suspeita de doença, logo, não são testadas. Estima-se que 60% dos infetados apresentem problemas intestinais como diarreia, vómitos ou dor abdominal na fase inicial da infeção, ainda antes de apresentarem sintomatologia respiratória. Isso representa um risco acrescido de transmissão. Neste contexto, a identificação precoce dos sintomas não respiratórios associados à Covid-19 pode interromper a disseminação, alerta Sonia Villapol , professora de Neurocirugia no Houston Methodist Research Institute.

Os investigadores de Alberta dizem que os radiologistas devem permanecer atentos, de modo a identificar possíveis evidências de infeção por Covid-19. Esses sinais incluem inflamação do intestino delgado e grosso, ar dentro da parede intestinal (pneumatose) e perfuração intestinal (pneumoperitónio).

“Podem ser de uma variedade de causas potenciais. Mas uma dessas causas potenciais é a infeção do vírus e, num ambiente onde a Covid-19 é bastante prevalente, é algo a considerar e levantar como uma possibilidade”, conclui Wilson.

Um estudo que envolveu vários serviços de neurologia de hospitais da região Norte, que analisaram doentes com Covid-19 entre 1 de março e 30 de junho, conclui que mais de um terço (36,4%) apresentavam problemas neurológicos.

As mais frequentes foram cefaleias (33%) e mialgias (24%) e 19% revelaram alterações de consciência e confusão mental (21%). A diretora do Serviço de Neurologia do São João, Elsa Azevedo, adianta, ao Expresso, que “houve situações comprovadas de sequelas cognitivas, outras de depressão ou síndrome de ansiedade na sequência da doença”.

A confusão mental, chamado delirium, afeta particularmente os doentes internados em Unidades de Cuidados Intensivos, com 75% a apresentar alteração da atenção, consciência, cognição, agitação ou alteração do sono, sintomas que se podem manter durante vários dias.

SO

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