Colocação de prótese na traqueia realizada pela primeira vez em Leiria

O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) realizou pela primeira vez uma colocação de prótese na traqueia, numa mulher de 33 anos que tinha sido sujeita a uma laserterapia na gravidez

“A colocação da primeira prótese na traqueia no CHL foi um grande passo no nosso serviço e marca a nossa capacidade de diferenciação e especialização, já que somos hoje um serviço completo, capaz de realizar todos os procedimentos de diagnóstico e terapêutica, referiu o diretor do serviço de Pneumologia, Salvato Feijó, citado numa nota de imprensa.

A prótese foi colocada numa paciente de 33 anos que, aos 31, foi sujeita a uma laserterapia durante a gravidez, também realizada por Salvato Feijó, para remoção de um tumor maligno raro na traqueia.

“Esta intervenção e a radioterapia que a doente realizou, agressivas para a traqueia, resultaram no desenvolvimento de uma estenose, ou seja, o crescimento celular anormal, que obstruiu a traqueia. Ou seja, se antes poderia respirar através de uma via com 14 milímetros de diâmetro, agora tinha apenas seis milímetros de diâmetro”, adiantou o especialista.

Depois de auscultação e raio-x, a opção terapêutica foi a dilatação através de broncoscopia e a colocação de uma prótese.

Segundo Salvato Feijó, a intervenção, realizada por via endoscópica, decorreu no dia 23 de março e a paciente teve alta no dia seguinte, já recuperada.

“A prótese que colocámos é de silicone e tem uma forma semelhante à de uma ampulheta, que permite que fique segura na traqueia, mesmo com todos os amplos movimentos que este órgão realiza”, adiantou.

“A traqueia é um órgão extremamente complexo, que se movimenta vertical e horizontalmente, e é capaz de fazer expelir saliva – o que chamamos vulgarmente de ‘perdigoto’ -, por exemplo, a 300 metros por segundo”, acrescentou.

A nota de imprensa refere também a realização em Leiria da primeira laserterapia, num caso de um doente com um tumor endobrônquico (procedimento que já foi repetido), e de remoções de próteses já implantadas.

“Estes são procedimentos de broncoscopia rígida e servem para retirar corpos estranhos e tratamento de obstruções de origem maligna ou benigna”, referiu Salvato Feijó.

O serviço de Pneumologia foi totalmente reformulado e foram criadas novas instalações, em funcionamento desde julho de 2016, sendo hoje possível tratar todas as obstruções, malignas e benignas, das vias aéreas.

Desde a sua reformulação, em julho de 2016, e até ao final de fevereiro de 2017, o serviço realizou 4.511 consultas externas (3.248 de Pneumologia e 1.263 de Imunoalergologia), 6.874 exames de diagnóstico e terapêutica e 150 sessões de Hospital de Dia, entre outros serviços.

Tem uma taxa de ocupação no internamento de 97,2%, com 276 internamentos realizados, “superando, em toda atividade assistencial, as expetativas iniciais”, revelou o diretor do serviço.

A equipa conta atualmente com cinco pneumologistas e um imunoalergologista, três técnicos de cardiopneumologia, três enfermeiros, três auxiliares e um técnico administrativo.

Tem capacidade para, no mesmo espaço, seguir os doentes desde o diagnóstico ao tratamento, com consultas externas, fisiopatologia respiratória, Hospital de Dia, Unidade de Pneumologia de Intervenção com recobro especializado e unidade especial de descontaminação, e ainda um Laboratório do Sono para estudos polissonográficos do sono com dois quartos.

LUSA/SO/SF

 

Gedeon Richter

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