Cérebro e testículos. Investigadores portugueses confirmam semelhanças

A descoberta das suas similaridades pode ajudar na compreensão de patologias que afetam estes órgãos e encontrar tratamentos dirigidos.

Segundo um novo estudo publicado na revista científica Open Biology, existem grandes semelhanças entre o cérebro e os testículos, dois órgãos aparentemente tão distintos. A investigação foi conduzida pelo Instituto de Biomedicina (iBiMED) da Universidade de Aveiro, pelos Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO) e Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto e ainda pela Universidade de Birmingham.

Através de uma comparação entre estes dois órgãos, os resultados da investigação confirmam que o cérebro e os testículos partilham aspetos funcionais, os quais são caracterizados como sendo essenciais na evolução e integridade da nossa espécie.

De acordo com o mesmo estudo e tal como revelam em comunicado, de todos os órgãos, estes “têm o maior número de genes expressos em comum”, bem como também partilham o maior número de proteínas. Segundo revela a investigadora responsável pelo trabalho, Margarida Fardilha, “das 14 315 e 15 687 proteínas existentes no cérebro e no testículo, respetivamente, 13 442 são comuns”.

Já ao nível das células de suporte, a investigação também permitiu confirmar, de acordo com a primeira autora do estudo, Bárbara Matos, que “em ambos os órgãos existem células de suporte especializadas”, as quais apresentam funções semelhantes na nutrição respetiva dos neurónios e dos espermatozoides. No cérebro estas são designadas de astrócitos e nos testículos encontramos as células de Sertoli.

Ainda, da Universidade de Birmingham, o investigador Stephen Publicover ressalta que nos dois órgãos a sinalização através do ião cálcio é central, “pois ambos os tipos celulares necessitam de gerar sinais para que ocorra a libertação do cálcio e assim se desenvolvam respostas fisiológicas adequadas”.

Estas semelhanças “podem relacionar-se com o papel central que desempenham na especiação”, relativo ao processo de formação de novas espécies, justificam os também autores do estudo, Pedro Esteves e Filipe Castro. Do mesmo modo, estas são essenciais para explorar as doenças que afetam ambos e investir no desenvolvimento de tratamentos exclusivos para as mesmas.

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