13 Set, 2022

Cancro. Portugal falha ainda na inovação, tecnologia e ensaios clínicos

O sistema de investigação nacional na área do cancro está em expansão mas tem falhas em áreas críticas. O conhecimento já produzido ainda precisa de ser traduzido em benefícios para os doentes, aponta a presidente da Direção da ASPIC, Joana Paredes.

A investigação em cancro em Portugal está em expansão e tem conquistado excelência e competitividade nos últimos anos. Contudo, um relatório promovido pela Associação Portuguesa de Investigação em Cancro (ASPIC), com o apoio da Fundação “la Caixa”, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Novartis, traça um retrato da investigação em cancro a nível nacional e aponta áreas críticas de intervenção, de grande benefício para os doentes, mas onde Portugal continua a falhar.

O estudo aponta áreas críticas de intervenção, de grande benefício para os doentes, mas onde Portugal continua a falhar, a começar pela inovação patenteável e a transferência de tecnologia – o número de patentes concedidas em aplicações biomédicas está muito abaixo da maioria dos países europeus.

Por outro lado, no que toca aos ensaios clínicos, Portugal tem um ambiente de ensaios clínicos claramente de baixo desempenho, fortemente dependente do patrocínio e prioridades da indústria, sendo a maioria dos ensaios de grande escala, multicêntricos, de Fase 3, onde Portugal não tem um papel de liderança.

Em 2020, Portugal contabilizava mais de 60 mil novos casos e 30 mil mortes por cancro. Ao longo das últimas décadas, a incidência de casos no país tem aumentado, seguindo a tendência de outros países europeus. Existe atualmente uma urgência mundial para alcançar uma compreensão completa do cancro, de forma a melhorar a prevenção, diagnóstico e tratamento assim como contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.  Um fator-chave para o conseguir é garantir uma melhor integração e alinhamento das atividades de investigação em cancro, da investigação básica à aplicada, reforçando e ativando redes e infraestruturas.

Cancro

Joana Paredes

Este é o primeiro estudo do género alguma vez feito em Portugal que demonstra, de uma forma geral, que o sistema de investigação nacional em cancro está em expansão e é capaz de produzir investigação de excelência que é competitiva a nível europeu.

No entanto, o conhecimento produzido ainda carece de consolidação e de tradução eficaz em benefício do doente ou da sociedade, refere Joana Paredes, Presidente da Direção da ASPIC. Ecossistemas menores como o nosso não estão necessariamente em desvantagem, mas devem seguir modelos que se ajustem ao seu tamanho. Portugal poderia seguir um modelo semelhante ao da Bélgica, em que há uma opção de colaboração internacional, um foco específico em nutrir boas redes colaborativas e parceiros fortes, mantendo uma clara excelência nacional.

O estudo pretende fornecer um retrato da investigação em cancro a nível nacional, fazendo um mapeamento dos resultados da investigação e dos seus atores principais. O seu objetivo é iniciar discussões entre todos os interessados e identificar possíveis caminhos a seguir para posicionar Portugal como uma voz forte na investigação em cancro a nível global. A apresentação pública deste estudo, que acontece no dia 13 de setembro, às 9h, na Fundação Calouste Gulbenkian, inicia este processo.

SO/COMUNICADO

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