Asma e DPOC
Médico de Família, USF do Minho, ULS de Braga/Assistente Convidado, Escola de Medicina da Universidade do Minho/Membro do GRESP/APMGFUEMO Treasurer

Asma e DPOC

A asma e a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) são doenças respiratórias crónicas que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. A asma é uma condição inflamatória variável das vias aéreas, enquanto a DPOC é caracterizada por obstrução do fluxo de ar, irreversível e progressiva. Ambas as doenças podem causar sintomas semelhantes, como dispneia, tosse, pieira, pelo que a distinção entre ambas nem sempre é fácil.

A epidemiologia destas condições é preocupante, com um aumento significativo na prevalência nas últimas décadas. Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo tenham asma e a DPOC é uma das principais causas de morbidade e mortalidade, com cerca de 3 milhões de mortes anualmente. Apesar destes dados serem discutíveis, estima-se que, em Portugal, cerca de  7% da população tenha asma e cerca de 14% da população a partir dos 40 anos tenha DPOC.

Um dos maiores desafios em relação a estas doenças é o importante subdiagnóstico que se encontra globalmente. Muitas vezes, os sintomas são negligenciados ou atribuídos a outras causas, o que pode conduzir a um atraso no tratamento e, consequentemente, a um controlo deficiente dos doentes. Por isso, é crucial aumentar a consciencialização geral sobre estas doenças, não apenas entre pacientes mas também entre os profissionais de saúde.

A espirometria desempenha um papel fundamental na avaliação da função pulmonar e no diagnóstico diferencial destas doenças. É inclusivamente imprescindível para se estabelecer o diagnóstico de DPOC. A dificuldade de acesso a este exame tem sido apontada como um dos principais motivos para o importante subdiagnóstico e para os frequentes erros de diagnóstico. Assim, espera-se que estes problemas possam melhorar com a atual maior generalização deste exame nas Unidades Locais de Saúde.

Além disso, reconhecer que cada paciente é único e pode apresentar diferentes fenótipos e endótipos é crucial para um tratamento eficaz. A abordagem personalizada considera não apenas os sintomas e a gravidade da doença, mas também os fatores desencadeantes e as comorbilidades, o que permite uma gestão mais eficiente. As orientações internacionais para estas doenças têm, nos últimos anos, integrado a mais recente evidência, havendo portanto agora condições para que o tratamento seja personalizado.

Por outro lado, o tratamento da asma e da DPOC vai para além do uso de medicamentos inalados. Intervenções não farmacológicas e farmacológicas não inaladas, como a educação, mudanças no estilo de vida, cessação de exposição a fatores de risco e vacinação, entre outras, desempenham um papel crucial na melhoria dos sintomas e na redução do risco de exacerbações.

Em suma, a abordagem abrangente da asma e da DPOC, desde o diagnóstico até ao tratamento dos fenótipos tratáveis, é essencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir o impacto dessas doenças na saúde da população. A consciencialização, a deteção precoce e a personalização do tratamento são assim fundamentais.

 

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