29 Jul, 2022

Apenas 5 ml de sangue permitiram detetar cancro da mama em estadio inicial  

A comunidade científica espera que o teste leve à deteção precoce dos cancros de mama, especialmente entre as mulheres mais jovens, já que o rastreio está apenas indicado entre os 50 e 69 anos.

Um exame de sangue permitiu detetar cancro da mama num estadio inicial no Reino Unido, segundo um estudo publicado no jornal científico Cancers. Bastaram cerca de cinco mililitros de sangue para apurar a existência de células tumorais circulantes (CTC), responsáveis pela disseminação da doença.

Os investigadores recolheram amostras de sangue de 9632 mulheres saudáveis ​​e de outras 548 com cancro da mama. Desse total, 96% dos casos positivos de estágio 2 foram identificados, bem como 100% dos estágios 3 ou 4. O teste utilizado foi o Trucheck, já credenciado pela União Europeia.

“Os métodos que foram usados ​​até agora tinham uma sensibilidade muito baixa, em contraste com o teste Trucheck, que aplica um novo processo para enriquecer e perfilar essas células”, referiu ao Expresso  Kefah Mokbel, cirurgião no London Breast Institute, no Princess Grace Hospital, e um dos investigadores.

O responsável indicou, ainda, que “o teste usa um painel amplo e altamente específico de anticorpos para deteção de CTC e localização de órgãos, por isso, a análise dessas combinações exclusivas permite a avaliação por órgãos”.

A comunidade científica espera que o teste leve à deteção precoce dos cancros de mama, especialmente entre as mulheres mais jovens, já que o rastreio está apenas indicado entre os 50 e 69 anos.

Outra vantagem destacada pelo cirurgião é o facto de não se terem registado quaisquer falsos positivos, não acontecendo o mesmo com a mamografia: cerca de uma em cada dez revela um. Outro benefício é “a conveniência da acessibilidade em massa, sem exposição à radiação”.

Um outro investigador, Robert Leonard, oncologista do Imperial College Healthcare do Serviço Nacional de Saúde britânico, garantiu também  ao Expresso que se trata de uma nova técnica fiável. Ao contrário da mamografia, este método, disse, “confirma a patologia e pode apontar para alvos de tratamento, com base na anormalidade específica do ADN no teste”.

O teste Trucheck tem aprovação europeia para utilização em mulheres com mais de 40 anos, mas ainda está a ser submetido a estudos de validação no Reino Unido e nos EUA. Contudo, já é visto pela comunidade científica como um ponto de viragem na luta contra o cancro da mama, que pode até ser replicado noutros tumores.

SO/EXPRESSO

 

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