19 Mai, 2023

ADEXO reivindica prioridade ao tratamento farmacológico e cirúrgico da obesidade

Sob o mote “Prioridade ao tratamento farmacológico e cirúrgico da Obesidade”, a iniciativa vai realizar-se este sábado, às 10 horas, na Nova Medical School, em Lisboa, e tem como objetivo apelar para uma resposta mais rápida e eficaz no tratamento da Obesidade.

Para assinalar o Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade, a ADEXO – Associação Portuguesa de Pessoas que vivem com obesidade vai levar a cabo, amanhã, sábado, 20 de maio, a realização de um evento onde se pretende apelar para uma resposta mais rápida e eficaz no tratamento da Obesidade.

Sob o mote “Prioridade ao tratamento farmacológico e cirúrgico da obesidade”, esta iniciativa terá início às 10 horas, na Nova Medical School (Sala dos Actos), no Campo dos Mártires da Pátria, em Lisboa.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a obesidade representa um risco acrescido de várias comorbilidades: além de aumentar o risco de morte por covid-19, é responsável por 80% dos casos de diabetes tipo 2, por 35% dos casos de doença cardíaca isquémica, por 55% dos casos de hipertensão e por 40% dos casos de cancro na Europa.

A esta lista junta-se, ainda, o impacto económico que esta doença tem: em Portugal, o custo direto do excesso de peso e obesidade foi estimado em cerca de 1,2 mil milhões de euros, aproximadamente 0,6% do PIB e 6% das despesas de saúde, segundo um estudo elaborado pelo Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e pela consultora Evigrade-IQVIA. As doenças relacionadas com a obesidade que mais contribuem para os 1,2 mil milhões de euros de custos diretos em saúde são a diabetes, o acidente vascular cerebral, a doença cardíaca isquémica e a doença renal crónica, pelo que priorizar o tratamento da obesidade irá permitir reduzir esses custos.

A ADEXO pretende, através da realização deste evento, reforçar a necessidade de um tratamento mais abrangente da obesidade, assente no reconhecimento do imperativo que a Organização Mundial de Saúde fez sobre o tratamento da doença, divulgando um plano de aceleração do tratamento com o fim de travar a crescente evolução desta epidemia. As recomendações destinam-se ao Governo, mas, também, aos parceiros da sociedade civil, academia e indústria alimentar.

Em Portugal, são gastos 1,2 biliões de euros por ano no tratamento de todas as doenças associadas à obesidade, enquanto para tratar a doença propriamente dita se gastam apenas 13 milhões. Estes custos totais diminuiriam se fosse dada prioridade ao tratamento da obesidade. As doenças cardiovasculares e a diabetes, bem como as doenças reumatológicas são atribuíveis à obesidade e não o contrário.

Por outro lado, ainda não se conseguiu capacitar suficientemente o entendimento dos profissionais de saúde sobre o que é a doença. Trata-se de uma doença crónica, multifatorial, biológica, inflamatória e recidivante e não uma doença comportamental, pelo que é preciso educar nesse sentido. A comunidade médica, de uma forma geral, tem ainda alguma dificuldade em reconhecer a obesidade como doença, o que pode ser explicado pela insuficiente formação sobre a mesma nas faculdades de Medicina. Aos alunos de Medicina não lhes é incutida a ideia de que é uma doença. Neste sentido, a ADEXO não entende a ausência de sentido de urgência no tratamento da obesidade, quando existe tratamento para outras doenças que são decorrentes desta patologia e poderiam ser evitadas com o tratamento da obesidade. O facto de grande número de pessoas não ter acesso a médico de família também não ajuda a reverter esta situação.

A ADEXO adianta, ainda, que não se pode pensar unicamente na cirurgia (até porque as listas de espera rondam os três/quatro anos) como forma de tratamento, porque a maior parte da população não tem indicação para cirurgia e está à espera da comparticipação dos medicamentos que já existem e que são eficazes para impedir a evolução para obesidade mórbida e, consequentemente, para a cirurgia.

Carlos Oliveira, presidente da ADEXO, refere que “é imperativo que se dê prioridade ao tratamento da obesidade no nosso país, uma vez que Portugal foi dos primeiros países a reconhecê-la como doença e, desde então, pouco se tem evoluído para dar melhor qualidade de vida e um tratamento digno a milhares de pessoas que vivem com esta doença”.

O evento, presidido pelo ministro da Saúde, Manuel Pizarro ou por um seu representante, conta com a intervenção de Hélder Dores, da Nova Medical School, de Carlos Oliveira, presidente da ADEXO, que fará um breve enquadramento do que é a obesidade nos dias de hoje e os desafios que enfrenta, à qual se seguirá uma palestra proferida por Manuel Carvalho, diretor do CRI.COM – Centro de Responsabilidade Integrada de Cirurgia da Obesidade e Metabólica do Hospital de Évora, sobre o tema “Prioridade ao tratamento farmacológico e cirúrgico da obesidade”. O evento integra, ainda, uma visita guiada às salas históricas da Nova Medical School.

Mais informações sobre a iniciativa estão disponíveis em: www.adexo.pt

 

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