Norte sem rastreios ao cancro da mama desde março
As unidades de rastreio do Norte estão fechadas, desde março, por falta de acordo entre a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) e a Administração Regional de Saúde
As unidades de rastreio do cancro da mama do Norte estão fechadas desde março, impedindo a viabilização de milhares de exames vitais para o diagnóstico precoce da doença.
De acordo com o Jornal de Notícias, as 19 unidades de rastreio que a Liga tem na região do Norte, no âmbito do Programa de Rastreio do Cancro da Mama, estão prontas a trabalhar, contudo, a falta de acordo entre a Liga e a Administração Regional de Saúde, mantém as portas encerradas.
Em declarações ao JN, Vítor Veloso, presidente do Núcleo do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), diz que a questão burocrática verifica-se apenas nesta região “uma vez que as ARS do Centro, Lisboa e Vale do Tejo e a do Alentejo não estavam dependentes de processo de renovação de contratos.” Os rastreios nestas zonas foram retomados na segunda quinzena de junho.
O presidente do núcleo revelou ainda ao JN que “o público alvo do programa de rastreio no Norte é de aproximadamente 630 mil mulheres.”
“Deixaram de poder fazer entre 20 a 30 mil mamografias”, diz o presidente do Núcleo
Em declarações à Renascença, Vítor Veloso revela que para além das milhares de mamografias que ficaram por fazer, estão 80 funcionários a serem pagos sem poderem exercer as suas funções. O presidente acrescenta ainda que o problema já poderia estar resolvido se houvesse “vontade política”.
O presidente da Liga acredita que, com a falta de diagnóstico do cancro não só por causa dos problemas administrativos que tem tido a LPCC mas também pela canalização de meios do SNS para a Covid-19, o país irá perder a posição que tinha nas estatísticas internacionais e acrescenta ainda que “nos próximos cinco anos a mortalidade vai subir substancialmente.”
No período anterior ao da pandemia da Covid-19, o país registava um índice de cura da doença grande e uma sobrevivência com boa qualidade de vida para os doentes, o que pode vir agora a mudar drasticamente com a situação atual que se regista.
Vítor Veloso espera agora conseguir resolver os problemas administrativos que têm impedido a realização de exames de deteção precoce do cancro de mama, numa reunião na próxima semana com o secretário de estado da Saúde.
AR/SO